O nosso clown. O representante mor da nossa mais íntima e primitiva barbárie. Protegido e ancorado por um subliminar fascismo. O futuro é o reproduzir de um tosco passado. Tosco e sem qualquer originalidade. O que teremos à seguir é bem óbvio.
Queria mesmo era desenhar os contornos do globo com o lápis e com minhas palavras recriar novas espécies. Seres luminosos que haveriam de governar o mundo das larvas. E toda contundência do mundo haveria de não existir. Os governantes virariam pó químico e só ganhariam vida se os hidratássemos com a água da nossa ignorância. – e já não é assim? – Escolheríamos ressuscita-los de tempos em tempos para que desfilassem em marcha fúnebre e cômica. Riríamos de suas carrancas e as crianças usariam seus rostos como máscaras de Halloween.
Riríamos também da nossa estupidez pretérita onde fuzis eram adereços comuns e onde joelhos de autoridades obstruíam o ar das artérias de homens negros. E então não teríamos uma terça feira negra, nem carros queimando em labaredas coloridas.
Sim, nesse mundo que inventaria com minhas palavras não haveria formas. A forma é a régua mais cruel que existe porque ao delimitar espaços, corta também a cabeça de seres pensantes, seres que sentem. E a rígida organização não foi feita para sentir.
Vejo pessoas caminhando nas ruas. Cada qual com suas rasas convicções. Ninguém faz a menor ideia do que se passa. Estamos todos órfãos de entendimento. Se eu fosse um raio, cairia na cabeça do homem mais vil. Ou sobre a criatura mais inocente. Para poupa-la desse grande constrangimento.
Não quero ser enfática ou má. Mas sou os dois. Há equações bem simples de entender. Veja:
- Tira-se a educação de um povo.
- Instala-se o medo nas ruas.
- Um ditador moderno profere impropérios impensáveis com ar de divertimento.
- Guia-se os dedos da grande massa nas urnas.
- Troca-se um governo corrupto por um governo corrupto e violento.
E temos o resultado. O nosso clown. O representante mor da nossa mais íntima e primitiva barbárie. Protegido e ancorado por um subliminar fascismo.
E o futuro é o reproduzir de um tosco passado. Tosco e sem qualquer originalidade. O que teremos à seguir é bem óbvio.
Governa-se com mãos de ferros as almas fracas, desinformadas e omissas. E queima-se em branda fogueira, mulheres como eu.
No entanto, o verbo é força que não cala.
Eis aqui o meu…
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