Com 39,59% das intenções de voto, nas eleições legislativas do passado dia 4 de Outubro, a coligação PSD/CDS conquistou no distrito do Porto 17 deputados, os mesmos que o PSD sozinho tinha conseguido nas eleições de 2011. Já o PS, manteve os 14 deputados que tinha no Parlamento, enquanto a CDU perdeu um e o BE mais que duplicou o número de deputados, passando de dois para cinco.
Estes resultados demonstram que, no Porto, a esquerda, em conjunto, teve mais votos do que a coligação PSD/CDS, que foi a mais votada a nível nacional. Em números oficiais, PS (32,72%), BE (11,14%) e CDU (6,83%) juntos totalizam 50,69% das intenções de voto dos portuenses, o que poderia ser um indicativo de uma vontade a Norte de um governo de esquerda.
Contudo, o TORNADO perguntou aos portuenses qual a sua opinião sobre um possível governo de coligação à esquerda e as respostas dividem-se. Se alguns consideram que um entendimento à esquerda entre PS, BE e CDU poderia ser benéfico para o país, outros acreditam que tal não irá ser possível ou que seria mesmo prejudicial para a economia do país.
Rui Pascoal, 32 anos, arquitecto e professor de yoga
“Achava bem que houvesse um governo de esquerda, já que também houve uma maioria de votos à esquerda. Mas não creio que o PS faça isso porque não é um partido de esquerda, é um partido de centro que se coliga mais depressa à direita, como já fez no passado. Mas penso que era importante para o país que houvesse um governo de esquerda neste momento”.
Aurora Sousa, 65 anos, aposentada
“Acho que a coligação à esquerda devia acontecer porque já se experimentou um governo de direita e, assim, podia ser que tivéssemos um governo melhor. E penso que o PCP pode ser um importante contributo para o país ir para a frente, não pensando só nos ricos mas também nos pobres”.
Paula Santos, 48 anos, desempregada
“Sou completamente contra um governo de esquerda. Eles não concorreram às eleições juntos, logo, não merecem lá estar”.
Miguel Ferreira, 45 anos, empresário
“Essa coligação de esquerda, na realidade com a extrema esquerda, é perfeitamente legítima, do ponto de vista formal. Se um conjunto de partidos formando uma maioria se unir para rejeitar o governo proposto pelos vencedores e apresentar um governo estável, isso está de acordo com a constituição, mas também é possível, e provável, uma oposição do Presidente da República. A única vez que isso foi tentado, foram convocadas novas eleições. E, do ponto de vista político, é uma coligação contra natura, já que o programa do PS está bem mais distante do de PCP e BE do que dos de PSD e CDS. Para o PS, será uma estratégia suicida e para Portugal, um governo do PS com a extrema esquerda, provavelmente iria conduzir a uma estratégia à Siryza, e seria muito mau para a economia do país”.