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Quinta-feira, Janeiro 30, 2025

Abusos de empregadores “sem vergonha” em 250 páginas

A plataforma online que partilha centenas de abusos cometidos na oferta de emprego em Portugal nasceu em 2013 e ganhou forma de papel com o título “Trabalho Igual, Salário Diferente”. Esta sexta-feira, dia 23, a publicação vai ser apresentada pelas 18:30, na Livraria Tigre de Papel, em Lisboa.

Francisco Fernandes Ferreira, gestor da plataforma de Denúncia de Empregadores sem Vergonha, faz o retrato de cinco anos de recolha de testemunhos e conclui que “os problemas de base mantêm-se”. Entre queixas, dúvidas sobre legislação, perguntas sobre empresas, críticas, ameaças, palavras de apoio ou desabafos, já chegaram à “Ganhem Vergonha” mais de cinco mil mensagens.

«Estágios não-remunerados; falso “voluntariado”; trabalho especulativo; casos em que o recrutamento é apenas estratégia de marketing; ofertas que exigem altíssimas qualificações a troco de salários baixíssimos; projectos em que os trabalhadores correm os mesmos riscos que os empresários, e, claro, “falsos recibos verdes” e falta de pagamentos a trabalhadores independentes», são estes alguns dos abusos cometidos no mundo laboral e que agora foram publicados em livro, conforme explica ao Tornado Francisco Ferreira.

O tema mais analisado nesta compilação está relacionado com os estágios destinados a candidatos com formação académica. «Existem as modalidades de estágio que estão previstas na lei e as que são inventadas pelas empresas para justificar a ausência de salário», adianta o autor da página “Ganhem Vergonha”, ao sublinhar: «ao longo dos anos ainda não encontrei nenhum argumento que justifique que um indivíduo, independentemente da sua idade,  trabalhe, um dia que seja, sem receber».

Para Francisco Ferreira: é importante investir numa educação que promova a igualdade de direitos e deveres e que contrarie esta ideia de que um empresário tem mais valor social do que um trabalhador, ou de que um trabalhador empregado vale mais do que um trabalhador desempregado”.

«É preciso ainda assegurar que se cumpram as leis. A regra da contratação em Portugal é a contratação sem termo, logo as excepções não podem tornar-se a norma e só devem poder ser consideradas para postos de trabalho que sejam excepcionais», conclui.

As 250 páginas da publicação “Trabalho Igual, Salário Diferente” abordam o mundo dos sites de oferta e procura de emprego, assim como os seus atropelos, ambicionado expor a falta de regulamentação exigível. E cada capítulo inclui ainda a opinião de historiadores, jornalistas, políticos, activistas, advogados, professores, entre outros. Os deputados José Soeiro (BE), Rita Rato (PCP) e Miguel Tiago (PCP), ou os jornalistas José Vegar e José Vítor Malheiros, são alguns dos autores convidados a reflectir sobre o cenário laboral da geração Y e Z.

Financiado colectivamente pelos leitores da plataforma, o livro pode ser encomendado, pelo valor de 14,50 euros, através  do email [email protected], ou adquirido nas seguintes livrarias: Unicepe e Gato Vadio (Porto), Tigre de PapelDistopiaLeituria e Ler (Lisboa), Centésima Página (Braga), Loja do Adriano (Angra do Heroísmo), Fonte de Letras (Évora), Livraria de Santiago e Livraria do Mercado Biológico (Óbidos), Culsete (Setúbal) e A das Artes (Sines).

Depois das primeiras sessões realizadas no Porto, Coimbra e Braga, estão agendadas mais quatro apresentações do livro durante o mês de Fevereiro. Esta sexta-feira, 23 de Fevereiro, na Livraria Tigre de Papel, em Lisboa, e no dia seguinte, sábado, pelas 15 horas na Biblioteca Municipal de Santo Tirso.

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