Em pronunciamento nesta quinta-feira (13), na sede do PT em São Paulo, um dia após a sentença do juiz Sergio Moro que o condenou no processo do caso do chamado tríplex do Guarujá, o ex-presidente reafirmou sua inocência e disse que a sentença já estava pronta há muito tempo.“Quem acha que é o fim do Lula vai quebrar a cara. Só quem tem o direito de decretar meu fim é o povo brasileiro”, afirmou Lula, enfatizando que a sentença de Moro era prevista, pois “já estavam com o processo pronto”, ou seja, com a concepção da condenação pronta. “O que aconteceu ontem eu já previa desde o dia 18 de outubro de 2016”, acrescentou, citando um artigo que publicou na Folha de S. Paulo, no ano passado.
“Eu prestei vários depoimentos, e era visível que o que menos importava era o que você falava, eles já estavam com o processo pronto”, completou. Para o ex-presidente, que é apontando com o favorito nas pesquisas de intenção de voto, “há uma tentativa de me tirar do jogo político”.
“Se alguém pensa que com essa sentença me tiraram do jogo, pode saber que eu estou no jogo. E agora quero dizer ao meu partido, que até agora eu não tinha reivindicado, mas a partir de agora eu vou me reivindicar como postulante à candidatura”, advertiu.
Cercado por lideranças políticas e dos movimentos sociais, Lula enfatizou que é “um homem que acredita nas instituições do país”. “A Justiça não pode mentir. Não pode tomar decisões políticas”, disse. “Ela tem que tomar decisões baseadas nos autos. A única prova é a da minha inocência”, completou.
E segue: “A única prova que existe nesse processo, de não sei quantas mil páginas, é a prova da minha inocência. Eu queria fazer um apelo à imprensa, que se alguém tiver uma prova contra mim, por favor, mostre”, desafiou.
“O que me deixa indignado é que você está sendo vítima de um grupo de pessoas que mentiu pela primeira vez e agora continuando mentindo para manter a primeira mentira”, prosseguiu.
Lula apontou as contradições do processo, citando o caso do empresário Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS que se transformou em delator informal na ação. Pinheiro mudou sua versão em depoimento aos procuradores da Lava Jato, passando a acusar o petista para conseguir benefícios, como a diminuição de sua pena.
O ex-presidente não poupou críticas à grande mídia, em especial à Rede Globo, que, segundo Lula, está “disseminando ódio nesse país”. Lula também salientou que as razões de sua condenação estão ligadas ao movimento que deu um golpe contra a democracia ao afastar a presidenta eleita Dilma Rousseff.
“As forças que prepararam o golpe não iam ficar de braços cruzados esperando a gente voltar ao poder em 2018”, reforçou, destacando que sem a condenação o golpe que apeou Dilma “não fechava”.
“Moro deve prestar conta à história, como eu. A história vai dizer quem está certo, quem está errado. Não é possível a gente ter estado de direito sem a justiça. O que me deixa indignado, mas sem perder a ternura, é perceber de pessoas que mentiram e vão passar a vida inteira sustentando a primeira mentira”, advertiu.
Lula voltou a criticar o achaque do governo Michel Temer contra os direitos dos trabalhadores e o desmonte do Estado brasileiro. “Se vocês, da Casa Grande, não sabem fazer, deixem alguém da Senzala para cuidar do povo brasileiro”.
Por Dayane Santos | Texto original em português do Brasil
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