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Sábado, Dezembro 21, 2024

E é bem vindo quem vier por bem

Beatriz Lamas Oliveira
Beatriz Lamas Oliveira
Médica Especialista em Saúde Publica e Medicina Tropical. Editora na "Escrivaninha". Autora e ilustradora.

A nova chefe do Fundo Monetário Internacional, a búlgara Kristalina Georgieva, fez sua primeira visita à África desde sua nomeação como chefe da instituição monetária na passada segunda-feira, elogiando o continente como uma terra de investimento

A África da França

O Sahel é uma área tão grande como Europa, onde mais de 50% da população vive abaixo da linha da pobreza e muitos países enfrentam a crescente ameaça de terrorismo e crime organizado. Diante desses desafios, a França está totalmente interessada no Sahel em termos de política, segurança e desenvolvimento.

O presidente Emmanuel Macron anunciou em fins de Novembro que deseja reexaminar a estratégia das forças anti-jihadistas francesas no Sahel e exortou os europeus a comprometerem-se mais ao seu lado.

“O contexto que estamos vivendo no Sahel hoje nos leva a olhar para todas as opções estratégicas”, disse o chefe de Estado francês após uma entrevista com o Secretário Geral da OTAN. Jens Stoltenberg.

A África do FMI

A nova chefe do Fundo Monetário Internacional, a búlgara Kristalina Georgieva, fez sua primeira visita à África desde sua nomeação como chefe da instituição monetária na passada segunda-feira, elogiando o continente como uma terra de investimento. Falando numa conferência organizada perto de Dakar pelo FMI sobre maneiras de conciliar desenvolvimento sustentável com dívida sustentável, Georgieva disse que a África tem o potencial de ser “o lugar ideal para os investidores estarem”. “Devemos dissipar a perceção de risco” associada ao continente, fornecendo mais informações, por exemplo, sobre as reformas realizadas, disse ela. “Mas diante de desafios como o crescimento da população e a necessidade de criar 12 ou 13 milhões de empregos a cada ano, ou o impacto das mudanças climáticas, a África precisa aumentar o investimento e os gastos sociais”, continuou.

Afirmando que a dívida era um dos meios de mobilizar financiamento, Georgieva aconselhou os líderes do continente a administrarem a dívida de maneira sensata. “Os empréstimos fazem sentido se forem feitos de maneira razoável, se financiam projetos que aumentam a produtividade e melhoram as condições de vida”, como a construção de estradas, escolas, hospitais, disse ela. Ela observou que “a capacidade de empréstimos na região não era ilimitada”, porque os países emprestavam principalmente as dívidas públicas aumentaram bastante nos últimos anos antes de se estabilizarem.”

Búlgara, nascida em 1953 em Sófia. Desde Fevereiro de 2010 era Comissária europeia para a Cooperação Internacional, Ajuda Humanitária e Resposta a Crises.

De 1993 a 2010 ocupou variados e cada vez mais elevados cargos no Banco Mundial.

Especialista em Economia Política, Ciências Económicas e Sociologia.

 A África, alvo da China e da Rússia, observada por Washington

A Casa Branca e o Pentágono têm alertado com preocupação o facto de a China e a Rússia estarem a invadir África com a sua influência.

Acusam mesmo aqueles dois países de “interferirem nas operações militares dos EUA e representam uma ameaça significativa aos interesses de segurança nacional dos EUA”, afirmou Jonh Bolton em Dezembro de 2018.

O general do Corpo de Fuzileiros Navais Thomas Waldhauser,Comandante da USAFRICOM, US AFRICOM e AFRICOM, um dos onze comandos de combate unificados das Forças Armadas dos Estados Unidos, com sede em Kelley Barracks, Stuttgart, Alemanha. e o seu substituto, Stephen Townsend, testemunharam idênticas opiniões perante o Congresso Americano no início deste ano.

África está, para ambos, cada vez mais submergida por Pequim e Moscovo.

Eles são, pelos vistos, os únicos que têm mandato legalizado para África!

Segundo estes dois oficiais, a Rússia exerceria influência em pelo menos 10 países africanos diferentes e o comércio entre a China e a África aumentou de 765 milhões de dólares para mais de 170 biliões nos últimos 40 anos.

Com o desenvolvimento de relações comerciais e diplomáticas 39 países africanos assinaram agora a Iniciativa do Cinturão e Rota de Pequim – um plano de triliões de dólares para investirem infraestruturas e comércio por meio de redes de estradas, caminhos de ferro, portos e pipe lines no Oriente Médio e na África. A Rússia estaria a promover a criação de infraestruturas nucleares e parcerias de tecnologia, investimentos em petróleo e gás.

Ambas as nações também têm como objetivo aumentar sua influência cultural.

Com 48 Institutos de Confucio, localizados em 20 países africanos, o mandarim e a cultura chinesa podem ser ensinados com vastos meios. O Russkiy Mir Foundation, uma organização não governamental e sem fins lucrativos, estaria no mesmo sentido a atuar em 9 países africanos. A Rússia e a China também vendem armas, acordos de segurança e programas de treinamento militar. As empresas militares privadas russas atuam em 15 países africanos.

Pequim foi o país residente do primeiro Fórum de Paz e Segurança China-África, que abriu em 15 de Julho deste ano e que reuniu quase 100 funcionários de segurança de 50 países africanos e da União Africana, incluindo 15 ministros da Defesa e chefes do Estado Maior, de acordo com o Ministério da Defesa da China.

Enquanto essa reunião estava em andamento, a agência de notícias russa Tass anunciava que cerca de 35 líderes africanos haviam confirmado sua participação na primeira Cúpula Rússia-África – presidida pelo presidente russo Vladimir Putin e pelo presidente egípcio Abdel-Fattah el-Sissi (que preside a União Africana) e que efetivamente se realizou na cidade turística de Sochi, na Rússia, no Mar Negro, em 23 de outubro último.

E é bem vindo quem vier por bem

Mas pensando melhor: algum destes países terá programas de luta contra a malária, a lepra, a elefantíase, a tuberculose, poliomielite, as febres tifoides, algum programa de vacinação contra as doenças infecto contagiosas evitáveis? Algum programa de saúde materno infantil?

Já em 2014 o porta-voz da ONG Oxfam, Nicolas Mombrial, declarava que “a iniciativa Saúde na África dirigida pelo Banco Mundial não está a ajudar a diminuir a distância entre os ricos e os pobres no sector de saúde”. A ONG indicou que uma parte significativa dos investimentos comprometidos com o programa foi usada para financiar “hospitais urbanos, caros e sofisticados, que oferecem atendimento terciário aos cidadãos mais ricos dos Estados africanos e expatriados”, excluindo, de fato, as populações mais desfavorecidas.

Concluindo

A África tem uma carga tripla de doenças transmissíveis, não transmissíveis e sócio-comportamentais, juntamente com analfabetismo, pobreza e subdesenvolvimento. É geralmente o pior continente em todos os indicadores de saúde e desenvolvimento.

 Quem virá ajudar sem rapinar?


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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