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Sábado, Dezembro 21, 2024

Agricultura familiar sustentável

A agricultura familiar é responsável por cerca de 70% dos alimentos da nossa mesa. A nível mundial a agricultura familiar produz aproximadamente 80% de toda a alimentação humana, segundo dados da ONU.

O Brasil se tornou um grande produtor, porém grande parte para produção animal, de combustíveis renováveis, para manufatura, grãos, commodities para exportação. No entanto, para o consumo humano ainda estamos muito aquém do que necessitamos.

Nosso pais tem abundância de terras, de água, mão de obra farta, ávida pelo trabalho. No entanto, ha 13 milhões de desempregados, quase de 30 milhões vivendo de bicos. O incremento da produção familiar é muito importante para geração de empregos, para a redução da fome, da violência, do consumo de drogas, do desfavelamento e principalmente na oferta e diminuição dos preços dos alimentos.

Muitos países do mundo já entenderam a importância da agricultura familiar, tratam com prioridade esse setor e obtiveram grandes avanços.

No Brasil, grande parte da população, e principalmente o governo não demonstram maior interesse para a agricultura familiar. Nossos pequenos produtores, os assentados, responsáveis pela maior parte da produção de alimentos ainda são discriminados e pouco valorizados.

O governo dedica maior atenção à produção extensiva, voltada à exportação buscando o equilíbrio ou superávit na balança comercial. É claro que isso é importante, porém estamos exportando a maior parte in natura. Se demonstramos capacidade para produzir, e com alta tecnologia, evidente que temos possibilidade de agregar valor nessa produção, intensificando a agroindústria, gerando milhões de empregos, aumentando nossa renda e consequentemente obtendo recursos para serem aplicados em outras necessidades, principalmente da produção de alimentos humanos, na agricultura familiar.

A agricultura familiar no Brasil enfrenta graves problemas. Os pequenos produtores ainda são taxados de preguiçosos, de vagabundos, de grileiros, e que quando ganham a terra acabam abandonando-a ou vendendo. Mas isso ocorre porque não há uma política bem discutida e bem planejada para o setor. A falta de prioridade, de uma política adequada, de uma ação mais eficaz dos órgãos responsáveis que não fazem a devida seleção nem o treinamento dos interessados. Esperam acontecer as ocupações para depois correr como bombeiros, e quando a polícia não faz o despejo, distribuem uma cesta básica e muito lentamente iniciam (quando iniciam) um longo processo de regularização dos lotes do chamado Quadrado Burro, recortados sem o menor critério ou condições de produção, de transporte, comercialização, moradia e acesso às necessidades básicas de sobrevivência.

Por isso a agricultura familiar em nosso país não tem sustentabilidade. Os filhos não conseguem dar continuidade à produção, porque não lhes foi criada a condição mínima de viver no campo, ainda mais hoje na era da informática, da tecnologia. Quase que a totalidade da juventude retorna às cidades em busca de estudo, de conhecimento, de trabalho e de vida mais digna.

Essa realidade cruel pode ser mudada. O Brasil se transformou em um dos maiores produtores de commodities no mundo porque os governos anteriores criaram condições para isso, deram incentivos, isenção tributária (Lei Kandir), crédito significativo, investiu pesado em pesquisas.

Esse é o mesmo caminho que deve ser seguido para que o nosso país também seja um grande produtor de alimentos para consumo humano, e também referência na agricultura familiar sustentável.


por Aluisio Arrud, Jornalista, arquiteto e urbanista, ex presidente do Intermat e da Empaer  | Texto original em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado


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