A ser verdade o que alguns apoiantes de Sanders reclamam, nomeadamente a falta de cobertura por parte dos OCS das suas actividades de campanha, então o alcance da sua mensagem está, à partida, prejudicado.
Espera-se (e alguns desesperam…) que o pré-candidato democrata renuncie à corrida à Casa Branca a favor de Hillary Clinton.
Contudo, o senador não parece querer desistir para já, aproveitando todo o tempo de que ainda dispõe para abordar os temas e as causas que considera importantes e que talvez possamos afirmar, a América de hoje ainda não estará preparada para assumir como também suas.
É pouco provável que Sanders, com perto de 75 anos, volte a apresentar-se como candidato em 2020. Será que os seus apoiantes vão conseguir fazer passar a mensagem de mudança, se ainda forem a tempo?
A Califórnia está com Sanders?
No mesmo dia em que Bernie Sanders, o ainda candidato democrata à Casa Branca, surgiu na CNN, uma manifestação de apoio ocupou mais do que uma rua em Hollywood, Los Angeles, num acto público também visto como uma forma de protestar contra os media, que não têm dado a atenção devida ao candidato, de acordo com os seus fiéis seguidores.
A manifestação decorreu numa altura em que estão a ocorrer re-contagens de votos enviados por correio em vários pontos daquele estado, o que pode fazer com que vários condados, até agora dados como tendo votado em Clinton, venham a revelar-se como tendo escolhido o veterano senador. Três dos condados (equivalentes a municípios) que, aparentemente, tinham dado a vitória à ex-senadora nova-iorquina, afinal tinham escolhido Sanders.
Greg Palast, jornalista de investigação que defende a tese de que o senador ganhou naquele estado, alegou, durante um discurso na marcha Still Sanders (“Ainda Sanders”): “disseram que Hillary Clinton ganhou por 400 mil votos. Quero que repitam comigo este número, 1 959 900. Este é o número de votos que ainda não foram contados. Como é que se diz que uma eleição terminou quando ainda há quase dois milhões de votos por contar?”
Porém, o Washington Post escreve que já foram contados, no total, 1 954 201 votos para todos os candidatos das primárias ocorridas naquele estado, tanto os republicanos como os democratas; e cita o site de internet do secretário de Estado da Califórnia para alegar que faltam contar mais de 586 mil votos.
Palast insiste que o senador do Vermont ganhou as primárias californianas. “Se contarmos todos os votos, Sanders ganharia por 100 mil”. Porém, o jornal de Washington lembra que os votos contados desde essa data também reverteram a favor dos candidatos republicanos, inclusive os antigos rivais de Trump que entretanto desistiram da corrida: Ted Cruz e John Kasich. E foram contados muitos mais votos do lado democrata, porém, não corresponderam ao desejado volte-face decisivo a favor de Sanders.
Bernie Sanders volta a discursar no Senado… e todos esperam que desista
O senador do Vermont voltou a falar em Capitol Hill, na passada quarta-feira, durante uma pausa na campanha. Sanders teceu críticas às medidas de auxílio a Porto Rico, as quais têm o apoio de dois terços dos senadores norte-americanos.
“Este assunto é uma parte significativa do que quer de facto dizer o debate sobre Porto Rico: gestores de fundos multi-milionários que compraram acções porto-riquenhas por poucos cêntimos de dólar querem agora um retorno de 100 por cento do seu investimento, enquanto escolas estão a ser fechadas, os pensionistas vêm as suas pensões ameaçadas de cortes e crianças estão a passar fome. Isto é moralmente inaceitável”, frisou, citado pelo New York Times.
O político levou temas da campanha a Capitol Hill, em Washington, com uma segurança visível e apostado em expandir a sua coligação de esquerda. Sanders tem insistido com os seus colegas para que abracem causas políticas que ajudem a entusiasmar as suas bases e conquistem novos apoios por entre os democratas.
Outro dos aspectos que merece a feroz oposição do senador são os acordos de comércio; Sanders ameaça votar contra uma proposta de lei que regula a comercialização transcontinental de alimentos geneticamente modificados.
O jornal nova-iorquino escreve que muitos colegas democratas, sobretudo as mulheres, estão a demonstrar cansaço perante as suas ideias progressistas e perante a sua relutância em desistir a favor de Hillary Clinton.
Para Claire McCaskill, senadora do estado do Missouri, “ele acredita ter uma obrigação para com os seus seguidores, ao erguer a bandeira dos assuntos que lhes importam. Todos estamos a ter paciência, e todos esperamos que ele continuará na campanha” a favor da antiga primeira-dama. Barbara Boxer, senadora da Califórnia, acredita que “deve ser muito difícil para ele, perder é terrível”, demonstrando assim o desejo de alguns sectores do Partido Democrata de que Sanders se retire da corrida.
Um possível cargo que o veterano senador tem em vista é o de presidente do Comité de Saúde, Educação, Trabalho e Pensões, algo que o seu próprio porta-voz, Michael Briggs, assumiu. “Porém, como ele próprio já disse muitas vezes, não acredita que as mudanças verdadeiras ocorram até que aconteça uma revolução política e milhões de pessoas lutem pelos seus direitos”, frisou.