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Terça-feira, Dezembro 24, 2024

Alberto Villaverde Cabral

Helena Pato
Helena Pato
Antifascistas da Resistência

(1942 – 1996)

Jornalista antifascista, dedicado militante da luta contra a ditadura, bateu-se desde muito jovem pela instauração da democracia em Portugal. Destacou-se como analista de política internacional, em quem se reconhecia uma incisiva e lúcida perspicácia política.Contribuiu para a dignificação da profissão de jornalista, evidenciando-se pela qualidade dos seus artigos, sobretudo das suas crónicas sobre questões internacionais, e por uma escrita clara e rigorosa. Morreu muito novo, mas teve grande influência na formação de muitos jovens jornalistas, que então iniciavam a sua vida profissional. Era um homem afável, de extrema simplicidade e uma atraente bonomia.

Biografia

Nasceu no dia 21 de Junho de 1942, em Ponta Delgada (Açores), onde, por razões profissionais do pai (um engenheiro agrónomo casado com uma senhora espanhola), a família viveu entre 1940 e 1942. Cresceu em Santo Amaro de Oeiras, na Avenida Carlos Silva, nº 2, e aí fez os estudos primários e secundários[1].

Aos dezasseis anos, quando ainda era estudante do liceu de Oeiras, iniciou a sua actividade política na luta contra o fascismo, participando, com o seu irmão Manuel Villaverde Cabral (mais velho dois anos), na campanha para as eleições presidenciais de 1958, primeiro a favor de Arlindo Vicente e, após a desistência deste, a favor de Humberto Delgado. Datam dessa época os seus primeiros contactos com o Partido Comunista Português. Na crise académica de 1962, participou no movimento estudantil dos liceus. Casou-se com Marília Pereira Morais, em 5 de Outubro de 1963, e durante algum tempo viveu de traduções.

Em 1967, após completar o serviço militar, já casado e com dois filhos, foi preso pela PIDE, ficando cerca de dois meses em Caxias, depois de ter sido submetido a tortura do sono.

Entre 1969 e 1974 participou activamente no Movimento CDE, tendo sido membro da sua Comissão Executiva. Antes do 25 de Abril, dinamizou o movimento sindical dos jornalistas e fez parte de comissões que pugnavam pela liberdade de expressão.

Vida profissional de Alberto Villaverde Cabral

A vida profissional de Alberto Villaverde tem início em 1967, na agência noticiosa americana Associated Press, onde ocupou o cargo de responsável pela secção internacional. Logo de seguida, em 1968, entra no Diário de Lisboa, jornal em que se manteve até 1974, com grande actividade de artigos e crónicas, na quase totalidade truncadas pela implacável censura fascista.

Em Dezembro de 1971 publicou “Chile a Etapa Necessária”, escrito juntamente com José Garibaldi Barros Queirós, publicado na editora Estampa e que iria ser imediatamente apreendido pela PIDE

Em Março de 1973, publicou “Comentários ao Dia-a-Dia Internacional”, na Prelo Editora a alvos civis na guerra do Vietname, e referindo as vitórias do povo vietnamita].

Em 1973 é um dos participantes (com José Tengarrinha, Francisco Pereira de Moura, Helena Neves, Sérgio Ribeiro, entre outros) em “Mesa Redonda” .

Em 1973 integrou a Comissão Nacional do 3.º Congresso da Oposição Democrática e participou no Congresso com a tese “Portugal e a NATO”, uma intervenção escrita em que abordava a posição do regime no plano internacional, criticava a presença de Portugal na NATO e denunciava o apoio desta aliança à guerra colonial, mediante fornecimento de armas e aviões.

Após o 25 de Abril

Logo após o 25 de Abril, durante o período revolucionário, foi director de Informação na RTP. Foi um dos fundadores e o primeiro director da Agência Noticiosa Portuguesa (ANOP), chegando a ser presidente do seu conselho de administração.

Conferência de imprensa de Alberto Villaverde Cabral, sobre a sua exoneração e a dos restantes membros do conselho, por despacho do Ministério da Comunicação Social (13 de Novembro de 1975)

Foi um dos membros fundadores da Organização dos Jornalistas Comunistas.

Após o 25 de Novembro, faz parte do núcleo fundador de “O Diário”, jornal em que iria trabalhar como editor da secção internacional.

Ao longo da sua vida, foi colaborador de muitos jornais e revistas, com destaque para a Seara Nova e escreveu, entre outros, em O Tempo e o Modo, Notícias da Amadora, A Bola, Avante e Militante – sempre sobre questões de política internacional. Foi comentador em diversos debates televisivos sobre temas internacionais. Foi colaborador na TSF. Viajou em trabalho pelo mundo inteiro.

Teve três filhos: Teresa Villaverde, Manuel Villaverde e Joana Villaverde[2].

Morreu em Lisboa, no dia 19 de Agosto de 1996, aos 54 anos, vítima de doença.

Em Lisboa, foi atribuído o seu nome a uma rua da freguesia de São Francisco Xavier, no Restelo.

[1] Alberto Villaverde Cabral era bilingue: o castelhano era uma língua tão naturalmente falada em sua casa, como o português. O pai era um homem especialmente culto, inteligente, persuasivo, um técnico muito competente. No entanto, era a mãe, uma senhora espanhola com grande abertura de espírito, muito mais nova do que o pai (tinha 19 anos quando se casou), quem tinha a influência predominante sobre os dois filhos.

[2] Alberto Villaverde Cabral é uma referência de grande importância para os três filhos.

Os três filhos de Alberto Villaverde, quando crianças.

Dados biográficos:

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