É como se houvesse sido realizada a profecia de Marshall McLuhan, guru da comunicação dos anos sessenta que vislumbrou o planeta como uma grande aldeia global.
O interessante é que seus adeptos eram, na época, rebeldes contra o sistema, desejavam mudar as sociedades. Talvez não fosse isso que o “profeta” queria dizer com suas ideias e palestras que reuniam multidões.
De fato, a sua profecia aconteceu mas não no espírito que hoje nos pretendem vender, porque essa comunidade planetária de cidadãos encontra-se a serviço de uma acumulação financeira jamais vista na História da humanidade.
Primeiro porque essa tal de “aldeia global” não é de cidadãos livres com iguais direitos e deveres. Há uma efetiva hegemonia, mantida a ferro e fogo, especialmente por um império, imposta de todas as formas imagináveis a determinar o que é politicamente correto aos povos do mundo.
A ONG inglesa Oxfam diz que 1% de mega-bilionários detêm 99% da fortuna mundial, uma acumulação da riqueza inédita. Em resumo, da aldeia global gestou-se a globalização não da cidadania mas do capital financeiro, a ditadura feroz do Mercado rentista.
Umbilicalmente associada ao rentismo encontra-se a grande mídia-empresa global, cuja função essencial é o domínio absoluto do discurso sobre os fatos e acontecimentos, desprovida do papel da informação, mesmo que parcial ou de grupos. Cabe a ela declarar diuturnamente a morte das ideologias, com exceção de uma: a ideologia do grande capital, do Mercado financeiro.
Assim, por todos os cantos é o Mercado quem promove os golpes e as “primaveras coloridas” contra as nações que por desejo de autodeterminação pretendem constituir seus próprios caminhos como é o caso do Brasil.
Trata-se de uma governança mundial sob a guarda pretoriana dos EUA, agora em pânico com a eleição presidencial de um bilionário “outsider”, não indicado por Wall Street, totalmente imprevisível.
O ex-presidente dos EUA Franklin Roosevelt afirmava: “ser governado pelo dinheiro organizado é igual ou pior do que ser governado pelo crime organizado”. Mas o mundo vive tempos de resistência e transformações a olhos vistos. O Brasil precisa encontrar seu rumo nesse novo cenário global.
Texto original em português do Brasil