Monótonos. Desinteressantes. Generosos. Prazerosos. Extremados. Exóticos. Despretensiosos. Acessíveis ou incomportáveis. Com fogosidade ou na falta dela, mais de 700 vinhos vão prestar-se a análises de carácter. Do Alentejo a Lisboa não há horas de distância.De personalidade arrebatadora ou em pecado por falta de versatilidade, os vinhos alentejanos vão ser promovidos na capital pela mão de dezenas de produtores regionais. É já esta sexta-feira 13 e amanhã, sábado, no Centro Cultural de Belém, que enólogos e enófilos podem degustar ou comentar néctares de Baco. Mesmo se está longe de ficar extasiado com o assunto e se ainda confunde adstringente com uma espécie de detergente, os organizadores deixam o convite: parta à descoberta de mistérios e novas experiências.
Reconhecida como uma das mais vanguardistas regiões vitivinícolas, o Alentejo faz o percurso dos “vinhos da talha ao novo mundo” com Alexandre Lalas e dá as boas vindas às uvas tintas e brancas estrangeiras. Conhecerá verdadeiramente os vinhos alentejanos? Pergunta José João Santos que propõe provas comentadas sobre a assinalável diversidade de castas e estilos. E quem diz que o vinho é tema de conversa para peritos? Ouça os conselhos de Manuel Moreira e José João Santos e repita “wine lover” sem gaguejar.
Vinhos alentejanos
Dos tintos para o dia-a-dia, aos licorosos e especiais para a ceia de Natal, as dicas práticas vão ajudar a perceber que aqui, por terras além Tejo, as castas emigrantes são uma mais-valia por contribuírem para a diversidade. Antão Vaz, Arinto e queijos é “uma trilogia de respeito” que comprova a máxima: “a soma vale mais do que os valores individuais”.
Para além da habitual prova livre, aberta ao público em geral, o programa inclui, ao longo dos dois dias, provas técnicas, conversas informais, harmonizações gastronómicas. Deguste com moderação e no sábado, dia 14, Luísa Sobral desafia ao apuramento dos sentidos com um concerto de encerramento pelas 20 horas.
Brasil, Angola, Estados Unidos, China, França, Suíça e Rússia são alguns dos principais mercados de exportação dos vinhos do Alentejo, que possui 22 mil hectares de vinha, divididas por oito sub-regiões vitivinícolas: Portalegre, Borba, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Vidigueira, Moura, Évora e Granja/Amareleja.
A iniciativa da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVR), que pretende constituir-se como um veículo de divulgação e promoção dos vinhos da região, vai ter outro evento paralelo até ao final do mês de Outubro. A primeira edição “Rota dos Petiscos e Vinhos do Alentejo” apresenta os melhores sabores em dez restaurantes que “aceitaram o desafio” de recriarem um petisco, acompanhado por um copo de vinho alentejano, pelo valor de 3,5 euros.
