Não é só o conservadorismo que tem ditado a agenda política norte-americana nos últimos anos e o maior símbolo da renovação do pensamento progressista nos EUA vem do Bronx, em Nova York: Alexandria Ocasio-Cortez.
Não é só o conservadorismo que tem ditado a agenda política norte-americana nos últimos anos. O maior símbolo da renovação do pensamento progressista nos EUA vem do Bronx, em Nova York: Alexandria Ocasio-Cortez, 29, elegeu-se deputada federal americana numa ascensão meteórica dentro dos Democratic Socialists of America, a ala socialista do Partido Democrata Norte-Americano.
Criada numa região com um dos maiores índices de pobreza dos EUA, Cortez teve uma trajetória difícil até alcançar o Congresso Americano.
Minha mãe limpava casas e dirigia ônibus escolares, e quando minha família estava à beira de perder nossa casa, comecei a trabalhar como bartender e garçonete”.
A política e o debate social sempre tiveram espaço na vida de Alexandria Cortez. Segundo sua mãe, Blanca Ocasio-Cortez, era impossível impedi-la de tecer críticas sociais e políticas, mesmo na mesa de jantar. “Eu pude ver suas tendências políticas desde muito, muito cedo”, afirmou em entrevista o NY Times.
No entanto, as dificuldades não a impediram de cursar o ensino superior. Formou-se em Economia e Relações Internacionais na Boston University, na cidade de Boston, Massachusetts. As dificuldades econômicas durante sua formação também a fizeram trabalhar em restaurantes durante sua vida estudantil. Seu grande entusiasmo pela política apenas se consolidou ao trabalhar com o então senador democrata Edward M. Kennedy, de Massachusetts. Naquele momento, Cortez afirma que compreendeu seu possível lugar no cenário político norte-americano.
Depois de sua gradação, voltou ao Bronx para defender melhores condições para a educação básica e, principalmente, alfabetização de crianças pobres em seu bairro. Tal trabalho rendera poucos frutos econômicos para a jovem – para completar sua renda, Cortez ainda trabalhava como garçonete em restaurantes de seu bairro.
Sua rápida ascensão no cenário político nacional começou, no entanto, em 2016. Cortez foi uma das organizadoras da histórica campanha do senador norte-americano Bernie Sanders à presidência dos EUA. O senador, considerado um dos maiores quadros políticos da esquerda americana, propôs medidas consideradas revolucionárias num país de raízes liberais: propôs o início da construção de um sistema público de saúde, bem como a gratuidade das universidades públicas do país. Sanders ganhou grande apoio de jovens e da classe estudantil durante as eleições primárias do Partido Democrata. No entanto, em controversa eleição interna, Hillary Clinton foi designada a disputar as eleições nacionais.
A experiência em uma campanha de tamanha grandeza sedimentou o desejo de Cortez a concorrer a um cargo na disputa de novembro de 2018, quando seriam eleitos certos cargos do Executivo e Legislativo, como governadores estaduais, deputados federais e senadores.
Sua campanha foi simples. Sem extravagâncias, Cortez e sua equipe focaram no uso de mídias sociais, assim como um trabalho de porta a porta.
Eu gastei toda a primeira parte da campanha apenas indo à sala-de-estar das pessoas, tomando café com elas, por quase seis ou sete meses. Foi assim que, de fato, aconteceu a campanha”.
Cortez levantou bandeiras políticas muito semelhantes às de Bernie Sanders em 2016, como universalização no acesso à saúde pública e ao ensino superior público. Tais pautas se mostraram populares na campanha presidencial e garantiram sua eleição: as primárias de Junho de 2018 mostraram a força de campanha simples e efetiva.
No dia três de janeiro, Cortez assumiu oficialmente o cargo, se tornando a mais jovem congressista feminina da história americana. Em suas falas oficiais, tal qual nas mídias sociais, Cortez segue afirmando seu compromisso com o estado de bem-estar social para os mais pobres nos EUA.
por Luís Mauro Queiroz | Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial Brasil247 / Tornado