O texto de apresentação do espectáculo de Tiago Cadete é de Raphael Fonseca, consultor de História da Arte, e nele pode ler-se: “O que Tiago Cadete propõe com “Alla prima” vem de uma inquietude perante o silêncio e imobilidade das imagens.
O corpo humano, essa espécie de unidade fundamental da produção de imagens no Ocidente, é tanto o enfoque da sua pesquisa enquanto coleccionador de imagens, como o instrumento através do qual o próprio corpo do intérprete se colocará perante o público.
O seu olhar diz respeito à construção e invenção do Brasil – quais seriam os movimentos e vozes do grande número de imagens que em mais de cinco séculos foram capazes de criar certas ideias sobre o que seria o Brasil, os brasileiros e a brasilidade?
O termo “alla prima”, dentro da prática de pintura, diz respeito a uma técnica em que o artista enfrenta a tela directamente, aplicando camadas de tinta sem esperar um tempo de secagem, causando uma espécie de sobreposição tanto de cores, quanto de imagens. De modo dialógico, o corpo do artista aqui responde directamente a uma série de descrições sobre o que poderiam ser estes “corpos brasileiros”.
Para além da narrativa histórica eurocêntrica que criou a teoria das três raças no Brasil – onde as populações africanas, europeias e indígenas seriam ingredientes deste caldeirão cultural –, sua anatomia se transforma num receptáculo de múltiplos criadores, culturas, etnias e proposições plásticas.
Através desta re-encenação que se dá de modo trans-histórico entre a visualidade e diferentes descrições orais/verbais, o corpo de Tiago Cadete acaba por desenhar uma nova coreografia deveras distante do samba e da alegria tropical comummente atribuída ao que poderia ser a “cultura brasileira”.
De repente os trópicos ficam tristes e algumas das tentativas de colonização do Brasil a partir da imagem vêm à tona.
Faz-se importante, então, sentir na pele o incómodo dessas poses e constatar que, mais do que uma geografia, o Brasil é um conceito constituído a partir de um corpo fictício que alinhava pedaços esquartejados de muitas vidas silenciadas pelo tempo.”
Criação e interpretação Tiago Cadete
Consultor História da Arte Raphael Fonseca
Figurinos Carlota Lagido
Assistente de projecto Bernardo Almeida
Colaboradores Voz-off Priscila Maia, Raphael Fonseca, Raquel André, Sueli do Sacramento, Jonas Arrabal, Victor Dias, Laura Arbex, Felipe Abdala, Isabel Martins, Júlia Arbex, Breno de Faria, Daniela Seixas, Leandra Espirito Santo
Fotografia de documentação Víctor Dias
Fotografia de cena José Carlos Duarte
Assessoria de imprensa Mafalda Simões
Teaser Francisca Marvão e Tiago Cadete
Residência Centro Coreográfico do Rio de Janeiro
Apoio Eira; Prefeitura do Rio de Janeiro
Acolhimento Escola de Mulheres, ZDB NEGÓCIO; Mala Voadora/PORTO, Rua das Gaivotas 6
Co-produção TEMPS D’IMAGES ’15
ALLA PRIMA
Tiago Cadete
27 a 30 Julho (Qui a Sáb) | 21h30
performance | 5€
R. Gaivotas 6,
1200-109 Lisboa
Tiago Cadete nasceu em Portugal e vive actualmente no Brasil. O seu trabalho situa-se na fronteira entre o Teatro, a Dança e as Artes Visuais.
Frequenta o mestrado em artes visuais EBA-UFRJ(2015-Brasil).
Foi bolseiro da GDA- Gestão dos Direitos dos Artistas (Portugal) na Pós Graduação em Sistema Laban/Bartenieff – Faculdade de dança Angel Vianna/ Laban (2015-Brasil).
É licenciado em Teatro – Ramo Actores pela Escola Superior de Teatro e Cinema (2009-Portugal).
Tem o curso Programa Aprofundamento – Criação Artística Escola de Artes Visuais Parque Lage (Brasil-2015), tendo realizado ainda workshops com Alfredo Martins, Gustavo Ciríaco, Fernanda Eugénio, João Mota, entre outros.
Até hoje, o seu trabalho foi já apresentado em diversos países, tais como: Portugal, República Checa, Roménia, Espanha, França, Brasil, Bélgica, México, China, Cuba, Estados Unidos da América, Argentina e Uruguai.
Como intérprete, trabalhou com os coreógrafos Francisco Camacho/Eira, Carlota Lagido, Sílvia Real, Mariana Tengner Barros, Gustavo Ciríaco, Tino Sehgal e com os encenadores Jorge Silva Melo / Artistas Unidos, João Brites / Teatro O Bando Alfredo Martins /Teatro Meia Volta.
Em 2011 participou no projecto europeu de pesquisa e criação de performance com novas tecnologias A.D.A.P.T Advancing Digital Art Performance Tecniques.
No cinema trabalhou com Marcelo Gomes, Jorge Silva Melo e Victor Dias
Criou os espectáculos “HIGHLIGHT” (2011) “GOLDEN” (2014) e “ALLA PRIMA” (2016) estreados no âmbito do Festival Temps d’Images (Lisboa).
Desde 2009 colabora regularmente com Raquel André tendo criado: “NO DIGITAL”, “LAST” e “TURBO_LENTO” com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e da Dgartes/Governo de Portugal.
Colabora regularmente com o Serviço Educativo da Culturgest, destacando a criação da peça “A HISTÓRIA QUE NÃO QUERIA SER LIVRO” (2013) e Por detrás da cortina a caixa mágica criação em colaboração com Leonor Cabral.
Prepara actualmente o espectáculo infantil “PANGEIA” com estreia anunciada ainda em 2016.
É artista associado à EIRA.