O êxodo nordestino foi um processo migratório secular de populações oriundas da região nordeste para outras partes do Brasil, em especial o centro-sul, que exerceu grande relevância na mobilidade do trabalho, desde a época do Império. A fuga do nordeste por muitos trabalhadores deu-se, sobretudo, devido às constantes secas que assolaram o sertão e, sobretudo ao abandono pelo poder público até meados da década de 1990.
Os nordestinos precariamente instalados na região Sudeste, em especial em São Paulo e Rio de Janeiro, supriram a grande demanda por mão de obra braçal que a intensa industrialização destes estados impunha. Com a melhoria estrutural de outras regiões do Brasil, somada aos problemas que surgiram nas grandes cidades por causa da superpopulação, a migração nordestina diminuiu consideravelmente. Preconceitos de cunho social e racial permearam esse processo. Em decorrência da pobreza material e das condições hostis encontradas no destino, restou aos migrantes nordestinos ocupar as áreas pobres e de periferia dos centros urbanos.
Os nordestinos que chegaram no pós-guerra encontraram um ambiente bem menos favorável à ascensão social que os imigrantes europeus que chegaram à São Paulo no início do século XX. Isso porque quando a migração nordestina aumentou, as fronteiras da sociedade industrial já estavam devidamente marcadas e as oportunidades de mobilidade já eram mais restritas. Os imigrantes europeus em São Paulo, sobretudo italianos, já haviam ocupado os cargos qualificados e semiqualificados dos postos de trabalho.
O sociólogo Antônio Sérgio Guimarães compara o racismo anti-nordestino em São Paulo à ascensão do fascismo na Europa. Em pesquisa em bairros de classe-média baixa da capital paulista, o sociólogo constatou que, espantosamente, os moradores, descendentes de europeus, expressavam com naturalidade seu preconceito contra nordestinos, os quais são chamados invariavelmente de “baianos”, (no Rio de “paraíba), mesmo que sejam de outros estados do Nordeste.
Tudo é Baiano
Composição: Aloisio Gomes
Intérprete: Aloisio Gomes
Pode ser cearence, ou mesmo pernambucano
Mas chegando em São Paulo tem que ser baianoTem que ser baiano
Tem que ser baiano
Olha chegando em São Paulo,
Tem que ser baianoSe o caboclo sai do norte
Em São Paulo foi morar
Tem que ser baiano,
Paulista vai te chamar,
Eu to ficando doido,
Ja estou quase maluco
Não é brincadeira
Eu nasci em Pernambuco
Sou pernambucano,
Quem eu sou eu não me engano
Mas chegando em São Paulo
Tem que ser baiano
Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial Rádio Peão Brasil / Tornado
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