… E, sim, teria assinado o acordo!
Se fosse vivo, Álvaro Barreirinhas Cunhal faria hoje 102 anos, pois nasceu nesta casa, em Coimbra, a 10 de Novembro de 1913, e faleceu em 13 de Junho de 2005.
Filho de Avelino Henriques da Costa Cunhal, um advogado republicano e liberal, e de Mercedes Simões Ferreira, uma católica convicta, Álvaro Cunhal nasceu numa casa da actual Rua do Brasil, em Coimbra, que não ostenta qualquer memória da efeméride (na foto).
Mas o jovem Cunhal cedo abalou de Coimbra rumo a Seia, terra do pai que acabaria por retirá-lo da Escola Primária local, para que o filho não estivesse a ser ensinado por «uma professora primária autoritária». Mas também cedo, aos onze anos, deixou a vila serrana para rumar à capital. Em Lisboa estudou no Liceu Camões e na Faculdade de Direito de Lisboa, onde terá despertado para a luta revolucionária contra o Estado Novo.
Em 1931, com 17 anos, filiou-se no Partido Comunista Português, a quem iria dedicar toda a sua vida. Já preso em 1940, Álvaro Cunhal é escoltado pela polícia até à Faculdade de Direito de Lisboa para a apresentar a sua tese de licenciatura, com uma temática nada vulgar para o Portugal de então: “Aborto e sua despenalização”. O júri de catedráticos, de que fez parte Marcello Caetano, surpreendentemente aprovou o aluno com uma nota final de 17 valores.
Mas o jovem não iria nunca praticar Direito, como fizera o seu republicano pai, entregando-se por completo à luta política, mas também à escrita, sob o pseudónimo de Manuel Tiago. Ao todo, o dirigente comunista esteve quinze anos preso, oito dos quais em total isolamento. Protagonizou, juntamente com outros presos do PCP, a famosa fuga do prisão-forte de Peniche a 3 de Janeiro de 1960, rumando então para o exílio em Moscovo. Regressou a Portugal, como tantos outros exilados, nos dias após o 25 de Abril de 1974, para liderar o seu partido de sempre, o PCP.