Ana Istarú (pseudônimo de Ana Soto Marín) nasceu em 3 de fevereiro de 1960 em San José, Costa Rica. É atriz e também uma das mais destacadas escritoras de seu país na atualidade, tendo recebido diversas honrarias internacionais pela sua obra poética. Entre suas obras mais importantes estão as coletâneas de poemas Verbo Madre (1995) e La estación de fiebre y otros amaneceres (1991).
Sua poesia, ainda praticamente inédita no Brasil, é conhecida pela perspectiva feminina do erotismo e da vida em geral. O belo poema Renuncio destaca o contraste entre as amarras, a princípio aparentemente suaves, que constrangem a vida feminina, e a dor de sentir no próprio corpo a força da sujeição.
Entretanto, é do próprio corpo, que se comporta como arma, que surge o ânimo para reagir à opressão e dizer o “não”, o qual, por sua vez, carrega consigo a força de milhares de vozes.
A tradução é do poeta Alexandre Pilati, professor de Literatura da Universidade Brasília (UNB). Confira.
Renuncio
Ana Istarú
Renuncio
às lentas,
suaves
amarras
com que nasci
uma vez que
decretaram:
“mulher”
e ficou decidido
me engaiolar,
me sujeitar,
me apertar das vértebras
às pernas
e os lábios,
e contraí com força de punho
as sobrancelhas,
como dois arcos de ferro
doce e cortante
e disse
não
como se mil vozes
o estivessem esperando
às minhas costas
por milhares de anos.
tradução para português do Brasil de Alexandre Pilati, professor de Literatura da Universidade Brasília (UNB)
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