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Terça-feira, Julho 16, 2024

Análise: Fiat Tipo 1.6 MJET

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Todos gostamos de automóveis e cada um tem a sua preferência pela marca e modelo. Mas, na verdade, um automóvel serve apenas para nos transportar de A a B. Pode é fazê-lo com requinte, conforto, muito depressa ou descontraidamente. Pagamos cada uma das grandezas, seja como extra ou por status, mas no fim do dia, é com o retorno de B a A que temos de viver.

Se todos gostaríamos de ter um compacto familiar (poucos são os que pretendem mesmo uma berlina), somos na maior parte das vezes obrigados a ter de escolher um utilitário citadino e não pelas vantagens de utilização em ambiente urbano: é mesmo porque não conseguimos esticar a forma de pagamento um degrau acima.

Eis que, num repente, e numa marca até conhecida pelos seus utilitários, surge um modelo capaz de romper com esta realidade, um sedan compacto de três volumes, de formas graciosas, com muito espaço e a preço amigo. Sim, ele existe, chama-se Fiat Tipo e pode revolucionar um ou outro conceito.

O modelo ensaiado é o topo de gama (nesta fase de lançamento) com motor turbodiesel Multijet II de 1.6cc e 120 cv de potência, unidade motriz que já me tinha seduzido aquando o ensaio ao 500X para o Xá das 5.

Com tracção dianteira, caixa de seis velocidades e um nível de equipamento muito composto (na unidade ensaiada só faltavam os opcionais câmara posterior de estacionamento e novo sistema de navegação TomTom 3D Touch), este Fiat Tipo é proposto a € 21.300, chave na mão, enquanto o modelo a gasolina com 95cv é proposto ligeiramente acima dos € 15.000.

Estamos a falar de um familiar compacto cujo porta bagagens tem 520 litros e o banco traseiro é rebatível 60/40, portanto, este tipo de valores são realmente uma mais valia no mercado português.

Com cinco verdadeiros lugares, o Tipo tem espaço, muito espaço, principalmente para quem viaja atrás e uma boa dose de conforto, se levarmos em linha de conta o seu segmento. A questão que se levanta é se o Tipo, sendo proposto a um preço muito próximo de um Grand Punto, não virá canibalizar as vendas deste já clássico Fiat (que continua a vender bem, mesmo que já tenha muitos anos de mercado). O público-alvo não é o mesmo, mas nunca se sabe.

Nesta cor de ensaio (grafite) e com jantes muito atractivas, o carro é bonito e dá nas vistas. Vem, logicamente, combater o domínio de alguns modelos que estão a fazer boa carreira, principalmente como táxis, como é o caso do Citroen C-Elysee, mas tem um traço mais moderno, até mesmo sofisticado, com uma grelha a fazer lembrar os Mercedes com tratamento AMG.

Mal entramos, percebemos que estamos dentro de um Fiat. Os comandos não enganam, como os rotativos para a climatização, assim como o sistema Uconnect com ecrã táctil de 5″, já visto em outros modelos do grupo italiano. O volante também é decalcado da gama 500, com inúmeros botões e respectivas funções.

Tudo está à mão, tornando muito prática a utilização. Percebo, contudo, que seja um tablier que não agrade a toda a gente, e a colocação do ecrã por cima dos ventiladores faz muito sentido, pois não nos obriga a olhar para baixo e desviar os olhos da estrada. A parte de cima apresenta-se em plástico de tacto mole, mas os restantes painéis, inclusive nas portas, são em plástico duro.

A qualidade de montagem é notória e o sistema de som é de bom nível com entrada auxilar, USB e emparelhamento com o smartphone por Bluetooth, tudo facilitado para nos acompanhar no dia a dia.

Os bancos são muito confortáveis, principalmente à frente, e com um magnífico apoio lombar. Foi muito fácil encontrar a posição de condução perfeita e o punho da maneta de mudanças, sendo maior que o normal, transmite a sensação que se guia algo de segmento superior, reforçada pela excelente pega do volante bem dimensionado. Vamos fazer-nos à estrada?

Os 120 cv a 3750 rpm permitem ao Fiat Tipo chegar a uns rápidos 199 km/h de velocidade máxima e acelerar de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos.

Sobrealimentado com turbocompressor de geometria variável, debita elevado binário a baixo regime de rotações (320 Nm a 1750 rpm)

Este Tipo tem uma enorme alma. Os 120cv deste belo motor conferem-lhe um comportamento agressivo e desportivo. Esta unidade, que já brilha no mais pesado 500X, faz com que o Tipo voe baixinho. É um prazer conduzi-lo tanto em cidade quando em percurso misto e temos de nos preparar para gastar mais uns euros em gasóleo ao fim do mês. É que o comportamento e o equilíbrio pedem-nos sempre mais pé direito. Há que ter cuidado com este lobo escondido em pele de cordeiro.

Em cidade, e no meio do caos na zona ribeirinha lisboeta que obriga ao desespero e ao pára-arranca, nota-se que houve muito trabalho no isolamento exterior, mesmo que o motor se faça ouvir no arranque. Esta versão está equipada com hill-assist e start/stop, o que facilita a vida.

O silêncio vivido a bordo é notável para um carro deste segmento e garante de bem estar. Percorri alguns Km por cima de buracos e afundando-me em crateras, mas o Tipo lá seguiu, sem um queixume e com ausência de vibrações, um bom tónico para quem o escolher para o dia a dia.

Este motor pede estrada livre e é assim, em sexta relação, que se percebe que é um conjunto poupado nos consumos (pouco mais de 4,5 l/100) o que aliado ao conforto, é convidativo para viagens mais longas.

A lista de equipamento é interessante para um modelo deste segmento: ABS com EBD, faróis de nevoeiro com função “cornering” e Sistema de Monitorização da Pressão dos Pneus, sensores de estacionamento, câmara posterior Park Assist System, faróis automáticos e Cruise Control.

Existe ainda o sistema City para facilitar as manobras em cidade, sistema Hill Assist e para não me alongar, um sofisticado sistema ESC (Electronic Stability Control).

Resumindo, gostei muito deste Fiat Tipo que promete ser um sucesso de vendas. Basta que os portugueses percebam que para ir de A a B não é necessário muito mais que isto.

PVP Versão ensaiada: € 21.300

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