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Quarta-feira, Julho 17, 2024

Os pós-ideológicos do PIM – PUM – PAN

Carlos de Matos Gomes
Carlos de Matos Gomes
Militar, investigador de história contemporânea, escritor com o pseudónimo Carlos Vale Ferraz

André Silva, o porta-voz do Partido dos Animais (PAN) afirmou numa entrevista ao Expresso que o PAN era pós-ideológico. Cada cidadão está no seu direito de afirmar o que lhe vier à cabeça. Inclusive sobre pós. A venda da banha de cobra é uma actividade antiquíssima.

O truque do Cavalo de Tróia é um clássico do embuste. O André Silva ou é um embusteiro ou um demente ao volante de um carrinho de feira e que acena aos circunstantes gritando que aquilo já não é carrinho de feira mas uma bola de Berlim!

Ele é e está inscrito numa organização que se apresenta aos cidadãos como um partido político.

Um partido político é um aparelho ideológico! É um produtor de ideologia. Nas democracias liberais os partidos políticos são mesmo os principais instrumentos de produção e aplicação de ideologia. O André Silva não sabe ao que anda? Ou anda a atirar areia para os olhos dos animais que somos, e merecíamos algum respeito, mesmo e apesar de dotados da perversidade de que o André Silva é um exemplo. Um animal perverso com pós de chico-espertice.

Que são as ideologias? Perguntava há uns anos o professor Sedas Nunes num artigo da Análise Social, Introdução ao estudo das ideologias. Entre várias abordagens:

  • conjunto de ideias, crenças e modos de pensar característicos de um grupo, seja nação, classe, casta, profissão ou ocupação, seita religiosa, partido político;
  • conjunto dos conteúdos espirituais de uma determinada cultura, de elementos, materiais e não-materiais, produzidos e recebidos pelos homens ao longo do tempo;
  • sistema de ideias próprio de um certo grupo e condicionado, em última análise, pelos centros de interesse desse grupo,

Para o chefe do PAN o seu partido está para lá das ideias e dos modos de pensar dos homens e mulheres da sociedade portuguesa e para lá dos seus interesses materiais e não materiais!

Sendo assim para que raio quererão os homens e mulheres um partido como o PAN para lá da sua cultura e dos seus interesses? Pós?

E, sendo assim o que leva este cidadão a ser membro e até a ser dirigente de uma organização que, no fundo e segundo se deduz da sua afirmação, não reflecte a cultura da sociedade, nem serve os seus interesses materiais e imateriais? Que está pós-tudo. Fornecem lições de ioga? De meditação transcendental? O PAN é uma bola de sabão que se desfaz quando lhe tocamos?

Qual é a função da ideologia, perguntava o professor Sedas Nunes no seu artigo na Análise Social.

  • a função da ideologia reside na conquista ou conservação de uma posição social determinada da sociedade e ou dos seus membros.
  • serve como instrumento na luta social, por favorecer a manutenção, o reforço a alteração da posição dos membros da sociedade e dos seus interesses, perante os outros membros e grupos.
  • serve para vivermos em sociedade

Em a “Ideologia alemã”, Marx e Engels dizem por outras palavras que o intelectual pensa em política, em economia, em religião, em filosofia, de uma determinada maneira, tem portanto determinadas ideias, e estas ideias, sendo diferentes segundo os interesses dos grupos ou dos indivíduos são ideologia. Não são marimbas. Nem pós de rapé para espirrar.

É a ideologia que representa as contradições de interesses numa sociedade. Porque, quanto mais clara se torna a visão dos homens a propósito do seu passado, das condições do seu presente e da realização do seu futuro (a essência da ideologia) mais se desvendam as contradições inerentes ao modo como cada cultura ou civilização se organiza, como distribui a riqueza, como regula a justiça, como produz, como consome, que prioridades estabelece. Como, em suma, cumpre as funções essenciais das organizações humanas que habitualmente são designadas por Estado: prover a segurança e o bem estar dos cidadãos.

O André Silva e o PAN já são pós esta tralha toda. O PAN é pós Estado. O pós, os pós são por norma vigarices intelectuais. O pós é um referente para tempo. O André Silva e o PAN utilizam o pós para a actividade intelectual. É a ideologia que permite e tem permitido as escolhas das sociedades entre várias possibilidades de organização. O PAN é contra as escolhas e a diversidade. O pós é contra a liberdade e contra a esperança. É uma sequela do pechisbeque intelectual do Fim da História.

 

A afirmação do André Silva do PAN pós-ideológico é uma confissão de vazio intelectual e moral. É um arroto sob a forma proclamação eleitoral!.

Uma afirmação destas de um dirigente de um partido político corresponde à venda de água benta como remédio por um tipo que se apresenta como director de uma farmácia!


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