Primeiro deputado eleito pelo PAN encara estreia no Parlamento com grande “expectativa” e “sentido de responsabilidade”. Ainda não decidiu se a cadeira que vai ocupar está à direita ou esquerda do hemiciclo, mas uma coisa é certa, quer estar na “fila da frente”.
Foi nas primeiras horas do dia 5 de Outubro que a surpresa das últimas eleições legislativas surgiu. O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) elegia o seu primeiro deputado, tornando-o talvez, a par do Bloco de Esquerda, como um dos grandes vencedores da noite eleitoral. Muitos ainda estavam a digerir os discursos pós-eleitorais e a começar a fazer contas para decidir que caminho trilhar, quando André Silva, porta-voz e deputado eleito como cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Lisboa, tinha todos os holofotes apontados para si e aclamava um resultado inédito, com 1,39% dos votos (74.656 em território nacional), tendo conseguido mesmo ficar à frente do PDR (de António Marinho e Pinto), do Livre/Tempo de Avançar (de Rui Tavares e Ana Drago) e do Agir (de Joana Amaral Dias).
Quando os deputados eleitos para a XIII legislatura tomarem posse, o que deverá acontecer no final de Outubro, André Silva e o PAN começam uma nova fase das suas vidas. Este é um momento que “está a ser vivido com grande expectativa e com o sentido de enorme responsabilidade na ambição que temos pela frente e que os eleitores confiaram ao PAN”. Consciente de que os desafios são muitos, “uns mais fáceis outros menos fáceis”, André Silva está convicto de que “os conseguiremos ultrapassar com o apoio de todos os eleitores e de todo este movimento que nos está a apoiar”.
O deputado eleito pelo PAN assume que não vai para a Assembleia da República para “dividir a esquerda e o centro-direita, mas para nos unirmos em torno de causas que são comuns”. Com esta postura espera “ver apoiadas as causas que são comuns a todos os partidos” e garante que vai “apoiar as causas que são comuns ao que é o real bem-estar e felicidade dos portugueses, que é a protecção dos direitos e bem-estar das pessoas e animais e a preservação da natureza. Sempre que qualquer medida seja positiva ou que venha trazer algo de novo para algumas destas áreas, obviamente que o PAN estará ao lado, independentemente da cor dessa medida. Não é importante a cor da medida mas sim o seu valor intrínseco”.
As primeiras propostas que levará ao Parlamento vão dar “continuidade ao trabalho que temos vindo a fazer, como por exemplo a iniciativa legislativa de cidadãos que o PAN apresentou em Maio na Assembleia da República que visa acabar com o abate nos canis. Não é só terminar com o flagelo dos abates nos canis, mas temos que terminar com questões a montante e a jusante, desde a questão de criar regras para a criação, proibir a venda na internet e em lojas de centros de comerciais, promover a esterilização de todos os animais que entram nos centros de recolha e promover uma política de adopção eficaz”.
O PAN quer trazer para a discussão pública algumas medidas “de impacto financeiro e social”, como a “redução do horário de trabalho e o aumento de período de parentalidade partilhado entre os responsáveis parentais” e “equiparar à taxa reduzida de IVA as despesas médico-veterinárias dos animais de companhia. Na sua maioria, os portugueses consideram que os animais de companhia fazem parte do seu agregado familiar e seria uma medida que iria aliviar as despesas dos portugueses”.
Para quem pensa que o PAN é um partido que olha mais para os animais e para a natureza, André Silva responde com o programa eleitoral que levou a sufrágio. “Mais de metade do nosso programa são medidas que visam directamente a vida das pessoas. O PAN é um partido que não se revê só numa causa”. Por isso, defende “políticas integradas” para melhorar a qualidade de vida da população e critica os Governos que lideraram o país nos últimos anos, com “políticas imediatistas” que colocaram “em causa esse bem-estar a médio e longo prazo”.
Questionado se queria ocupar uma cadeira à esquerda ou direita do hemiciclo, André Silva responde que “ainda não sei. Não nos revemos na categoria de esquerda ou centro-direita”. Mas garante que se pretende sentar “na fila da frente para ter a maior visibilidade possível”.