António Costa disse em entrevista ao Expresso que o Governo comprometeu-se a descongelar as carreiras dos docentes, mas não a contar o tempo enquanto durou o congelamento.
Entendi esta entrevista como preparar o terreno e um aviso para a reunião que se vai realizar dia 7 de Setembro com os sindicatos principais FENPROF e FNE. Esta declaração é mau sinal e vamos ter um início do ano escolar atribulado e agitado.
António Costa, cuja esposa é professora (educadora de infância), tem que perceber que a contagem do tempo de serviço de qualquer trabalhador público deve ser entendida como um direito, e não, como um privilégio.
António Costa se quer vencer as próximas eleições legislativas 2019 deve entender-se com os professores. O seu Ministro da Educação não tem estaleca nem dimensão para tratar deste assunto intrincado e complexo.
António Costa deve chamar a si este dossier, pois, senão o fizer corre o risco de perder as próximas eleições. António Costa tem que ter presente o que aconteceu aos seus antecessores José Sócrates e Pedro Passos Coelho por não terem sabido gerir o dossier “educação vs. professores”.
Eu compreendo que a opinião pública não entenda e não perceba o que se está a passar. É normal! Este é um assunto que diz respeito somente aos professores com todas as suas idiossincrasias.
Infelizmente o novo sindicato S.T.O.P. ao prolongar a greve às avaliações em Julho prejudicou a luta e a imagem dos professores. Os professores devem estar unidos e deixarem-se de divisões e protagonismos balofos. Devem ter um compromisso de defesa intransigente do respeito pela legalidade: anos de trabalho têm que corresponder a anos de serviço.
Os presidentes das Associações de Directores de Escola falam em nome dos professores, mas representam os directores das escolas, não representam os professores. Aliás, em recente estudo, os directores das escolas são apontados como maior fonte de pressão e autoritarismo sobre os professores.
Há muita gente a falar em nome dos professores sem ter mandato para isso, e a mensagem fica dispersa e fragiliza o sucesso das negociações.
Por outro lado, fala-se que não há dinheiro para pagar aos professores, mas há dinheiro para tudo e mais alguma coisa, até para municipalizar as escolas, menos para ensinar os filhos dos portugueses.
O dever de António Costa é contar todo o tempo de serviço, não de uma só vez, mas ao longo do tempo.
O dever de António Costa é ter professores com salários dignos e dar-lhes mais apoio, tendo em troca uma maior responsabilização. Elevemos a fasquia para as nossas escolas e dotemo-las de recursos que necessitam para levar a sua tarefa a bom porto.
A táctica de virar a opinião pública contra os professores porque acham que são uns privilegiados pode ser um equívoco.
Os professores têm os seus legítimos representantes que são os sindicatos unidos numa plataforma, com FENPROF e FNE e é com eles que se deve entender.
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