No dia 19 de Março foi apresentado o Guia de Aves da Foz do Rio Sizandro, um livro com uma lista, devidamente catalogada em resultado do trabalho de campo, de 35 espécies de aves que podem ser observadas naquele local.A sessão decorreu no Centro de Educação Ambiental de Torres Vedras, onde foi também inaugurada uma exposição de ilustração científica de aves, de Marco Correia, autor das ilustrações inseridas no guia. A exposição está patente até 20 de Maio.
A foz do rio Sizandro, onde ocorrem vários habitats do SIC (Sítio de Importância Comunitária) Sintra/Cascais, forma um pequeno estuário constituindo uma das principais zonas húmidas na faixa costeira a norte de Lisboa de referência na observação de aves.
Este foi o mote para o desenvolvimento de um projecto de observação de aves naquele território, coordenado pelo ornitólogo Hélder Cardoso, envolvendo cerca de 250 alunos de escolas do concelho nas saídas de campo que foram realizadas.
De acordo com o texto de introdução da publicação, o livro, que está publicado em português e em inglês, pretende cumprir dois objectivos. O primeiro é dar a conhecer quais as espécies que ocorrem, de uma forma regular, na foz do rio Sizandro; e oferecer a todos aqueles que têm interesse na matéria uma ferramenta para iniciar ou progredir nos seus conhecimentos. O segundo objectivo é sensibilizar para a conservação da foz do rio Sizandro enquanto espaço natural com uma elevada biodiversidade.
O ornitólogo Hélder Cardoso, autor do guia, explicou que na foz do rio Sizandro podem ser observadas aves com diferentes características, umas durante todo o ano e outras apenas em determinadas alturas. Neste último caso são as estivais e as migradoras de passagem.
A foz do rio Sizandro forma um estuário relativamente pequeno mas importante para as aves migradoras de passagem, porque tem boas condições para elas poderem fazer uma paragem no seu percurso entre o norte da Europa e o continente africano” Explicou o especialista.
Marco Correia, autor das ilustrações do livro, é licenciado em Design de Comunicação e professor de ilustração científica na ESAD. Na sua intervenção explicou que reproduzir imagens de aves por ilustração tem vantagens em relação à fotografia, dado que é representada a generalidade dos indivíduos de uma espécie.
O processo começa pela observação de várias fotos: No terreno é igualmente registado o comportamento das aves e procura-se perceber a sua biologia. As ilustrações começam com um esboço a grafite, são depois pintadas a aguarela e finalmente recebem uns retoques através de tecnologia digital. Cada ilustração demora cerca de dois dias a fazer.
Algumas aves têm o macho e a fémea representados, ou também os juniores, e algumas incluem o seu comportamento em voo. As cores, a iluminação e outros aspectos técnicos foram igualmente tidos em conta. “A ilustração científica não serve para contemplação mas sim para divulgação”, concluiu Marco Correia.