Nas últimas semanas, quase toda ou mesmo toda a hierarquia dos serviços de informação, segurança e polícia foi substituída pelo presidente Bouteflika, da Argélia. E dizer que tudo começou com uma inesperada, surpreendente e, pelo visto, providencial apreensão de 701 quilos de cocaína, no fim de Maio passado, no porto de Oran. Uma aprensão de droga de que resulta uma inesperada alteração dos equilíbrios político-securitários, a favor de um moribundo Bouteflika e em detrimento dos generais…
Dos 7 generais que, no início do actual mandato do Boutflika, integravam o top-10 do poder (e que haviam derrotado os islamistas na guerra civil argelina) não resta já nenhum, depois do presidente ter cortado ao seu “grande amigo” Gaid Salah (o CEMGFA berbére que durante anos lhe tem garantido a cadeira presidencial…) os seus serviços de informação e segurança…
E de também ter mandado dizer, há escassos dias, que prepara “reajustamentos” na alta hierarquia militar, no quadro dos preparativos da sua candidatura a novo mandato presidencial (já é o quinto…), nas eleições de Abril próximo.
É um autêntico golpe de Estado conduzido a partir do palácio da Presidência que poderia nem ter consequências de maior se não estivesse a Argélia confrontada com um cenário de caos em todas as suas fronteiras (excepto na marroquina, a oeste, mas nessa há uma fortíssima tensão político-militar…) e se não fossem os homens agora afastados os responsáveis pela segurança do país e, sobretudo, do regime.
A Argélia pode estar assim à beira de também ela mergulhar no caos que a envolve… Um cenário que, há anos, dá pesadelos aos responsáveis das grandes agências ocidentais de inteligência.
Exclusivo Tornado / IntelNomics
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