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João de Sousa

Quarta-feira, Julho 17, 2024

As aparências enganam

Ninguém conhece ninguém, é a frase costumeira que ouvimos reiteradas vezes. E quando pensamos que conhecemos, a prática e os factos nos mostram e se encarregam de comprovar que, na verdade, não conhecemos ninguém. Sejam pessoas próximas – tantas vezes as mais próximas precisamente – como os elementos da família, como aquelas com quem mal convivemos. Somos imprevisíveis na arte de esconder e de nos escondermos, e todos, ou uma grande parte de nós, teimamos em não enfrentar ou saber enfrentar os nossos demónios e os nossos fantasmas que vivem e convivem connosco. Se não sabemos como lidar com eles, como saber lidar com os dos outros, eis a questão incontornável.

A quase obsessão de todos os seres humanos é ser feliz. Vivemos, criamos laços – familiares e outros – tendo como objetivo a felicidade. Como se a felicidade fosse um estado permanente ou um direito que todos exigimos e ao qual todos aspiramos – legitimamente – nos debatendo, debalde, quando confrontados com a sua ausência. Momentos de felicidade, temo-los todos. Tolstoi, em “Anna Karénina”, logo na primeira página podemos ler, “Todas as famílias felizes são iguais e cada uma é infeliz à sua maneira”. O que significa que os momentos felizes são sentidos de forma semelhante em todos nós, enquanto cada um é infeliz à sua maneira.

Tolstoi

“Todas as famílias felizes são iguais e cada uma é infeliz à sua maneira”

 

Apesar disso e de todos os males que nos afligem e nos apoquentam desde a criação da Humanidade, como sejam a miséria, a doença, a velhice, o trabalho, a inveja, a mentira, façamos como Pandora, que em desesperação, ao abrir a sua caixa donde dela tinham escapado todas as aflições e todas as desgraças, ao olhar para o fundo da caixa, encontrou algo a brilhar. Era a esperança. Sem ela, tudo está irremediavelmente perdido e de um modo desesperado.

E, no fundo, a par da esperança, talvez Bertrand Russel, o matemático e filósofo inglês (1872-1970) tivesse razão quando fez notar que uma vida feliz é, em larga medida, o mesmo que uma vida de bem.

Bertrand Russel, matemático e filósofo inglês (1872-1970)

Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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