… perdida em trocas e baldrocas.
Então, acaba de me telefonar a dizer, com aquela voz cristalina de que tanto gosto, que comprou um vestido novo.
– Um vestido elegante e colorido para que o nosso filho goste!
– Mas que filho, querida que não tenho?!
– Aquele que vais mandar vir de Berlim. Ok, já sei que não gostas de Berlim por causa do badalhoco do ministro deles lá das finanças, mas Berlim faz-me lembrar aquelas coisas com creme, entendes? Talvez coisas de grávidas…
-Amor que eu não tenho, confuso, atrapalhado e aparvalhado já eu ando, estou, contudo, a tentar desenhar a palavra que te faça entender que os filhos não são coisa que se mande vir de Berlim ou de Paris ou…isso são tretas parecidas com as do Passos e da sua Crista(s)…
– Ai é, é, meu «marujinho» meu «canalhinha»… ai podes, podes, só tens de alugar uma cegonha!
O que posso eu dizer? A namorada que não tenho deu-lhe para ser naïf.
Tudo isto porque ontem para a distrair das infelicidades (?) da direita sobre o deficit a levei a dar uma voltinha no meu tal barquinho de fantasia.
As minhas escolhas vão de mal a pior.
E as pessoas, nas ruas, ao verem-me, comentam:
– Olha uma ruína andante. De que século será?