O governo federal e estadual do Alasca nega a existência das mudanças climáticas de que já aqui falamos. Isto apesar destas serem demasiado evidentes para todos…
O objectivo dos governantes é óbvio. Defender as empresas petrolíferas instaladas no território. Com a baixa dos preços do petróleo interessará enfrentar a mais temível das questões. E, se a indústria do petróleo abandonar o Alasca? Se os custos de exploração forem cada vez mais altos e o preço de venda do petróleo for cada vez mais baixo?
No momento em que a Shell Oil abandonou a sua aposta no Ártico, a contradição central da dependência do Alasca tornou-se, ainda, mais clara. O preço de adaptação às mudanças climáticas será astronómico para aquele Estado. Sem o dinheiro do petróleo terá dificuldade em lidar com os custos associados.
Não dá para ignorar as mudanças climáticas no Alasca. Hoje há já aldeias indígenas a ter de reconstruir casas em outros locais, tudo por influência da acção das petrolíferas.
A deslocalização é, pelo menos em teoria, muito mais simples do que seria para uma metrópole como Nova York ou Miami. A questão é que também estas estão sujeitas a esse mesmo perigo.
As ruas de Miami também se enchem de água neste momento. Na cidade do México o solo está a afundar-se. Isto por influência das mudanças climáticas.
A cidade de Guangzhou, um investimento de vários trilhões de dólares na China, está a ser inundada pelas águas. Em 2016 esta teve a maior chuva da sua história e os sistemas de esgoto dos bairros mais pobres e mais populosos foram destruídos.
No litoral de Bangladesh, o aumento do nível do mar, os deslizamentos de terra, a erosão e os ciclones causam a infiltração de água salgada em rios, arruinando vastas secções de campos de arroz, tornando a água não potável.
Talvez, o futuro incerto das mudanças climáticas possa ser gerido de forma positiva. Talvez, a turbulência em massa que se aproxima em várias partes do mundo possa ser evitada. O futuro está nas mãos da sociedade civil e de líderes locais, isto face ao vácuo de liderança global.
Não podemos ficar mais tempo à espera para ver o que vai acontecer… Esta posição para além de irresponsável está a tornar-se criminosa. Em democracia, as mãos que estão a exterminar a humanidade são, provavelmente, as de todos nós. Ninguém poderá ficar indiferente.