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Sexta-feira, Agosto 23, 2024

E quando as petrolíferas forem embora…

Nélson Abreu, em Los Angeles
Nélson Abreu, em Los Angeles
Engenheiro electrotécnico e educador sobre ciência e consciência. Descendente de Goa, nasceu em Portugal, e reside em Los Angeles.

O governo federal e estadual do Alasca nega a existência das mudanças climáticas de que já aqui falamos. Isto apesar destas serem demasiado evidentes para todos…

O objectivo dos governantes é óbvio. Defender as empresas petrolíferas instaladas no território. Com a baixa dos  preços do petróleo interessará enfrentar a mais temível das questões. E, se a indústria do petróleo abandonar o Alasca? Se os custos de exploração forem cada vez mais altos e o preço de venda do petróleo for cada vez mais baixo?

No momento em que a Shell Oil abandonou a sua aposta no Ártico, a contradição central da dependência do Alasca tornou-se, ainda, mais clara. O  preço de adaptação às mudanças climáticas será astronómico para aquele Estado. Sem o dinheiro do petróleo terá dificuldade em  lidar com os custos associados.

Não dá para ignorar as mudanças climáticas no Alasca. Hoje há já aldeias indígenas a ter de reconstruir casas em outros locais, tudo por influência da acção das petrolíferas.

A deslocalização é, pelo menos em teoria, muito mais simples do que seria para uma metrópole como Nova York ou Miami. A questão é que também estas estão sujeitas a esse mesmo perigo.

As ruas de Miami também se enchem de água neste momento. Na cidade do México o solo está a afundar-se. Isto por influência das mudanças climáticas.

A cidade de Guangzhou, um investimento de vários trilhões de dólares na China, está a ser inundada pelas águas. Em 2016 esta teve a maior chuva da sua história e os sistemas de esgoto dos bairros mais pobres e mais populosos foram destruídos.

No litoral de Bangladesh, o aumento do nível do mar, os deslizamentos de terra, a erosão e os ciclones causam a infiltração de água salgada em rios, arruinando vastas secções de campos de arroz, tornando a água não potável. 

Talvez, o futuro incerto das mudanças climáticas possa ser gerido de forma positiva. Talvez, a turbulência em massa que se aproxima em várias partes do mundo possa ser evitada. O futuro está nas mãos da sociedade civil e de líderes locais, isto face ao vácuo de liderança global.

Não podemos ficar mais tempo à espera para ver o que vai acontecer… Esta posição para além de irresponsável está a tornar-se criminosa. Em democracia, as mãos que estão a exterminar a humanidade são, provavelmente, as de todos nós. Ninguém poderá ficar indiferente.

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