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Domingo, Novembro 3, 2024

As sombras repousam na falésia

Vitor Burity da Silva
Vitor Burity da Silva
Professor Doutor Catedrático, Ph.D em Filosofia das Ciências Políticas Pós-Doutorado em Filosofia, Sociologia e Literatura (UR) Pós-Doutorado em Ciências da Educação e Psicologia (PT) Investigador - Universidade de Évora Membro associação portuguesa de Filosofia Membro da associação portuguesa de Escritores

Com elas ou nelas todo o tempo perdido. Nunca se perde tempo com nada, a escola é passado e ainda assim o mais presente para tudo. É sim, vida.

Um dia num mar qualquer por inventar como estrofes de Camões por ler, é sentir a lágrima do tempo neste escorreito divagar de estepes onde verdades se encobrem como nuvens num céu fechado, vamos ainda assim tentar, acredito nos eufemismos que a pátria dita, verdade.

Foi aqui, nesta Lilongwe encurralada que vi os lixos de Luanda escorrerem como tripas de vermes dormentes e disformes abraçarem o mar cansado de tanto fumo escuro, de tanto desdém descorado, tanto-tanto faz, é coisa que passará, não te preocupes, sabemos o que fazemos!

Foram sonhos e o mar descansava ainda pelos lados de Oslo.

Aqui só lagos e rios, consigo ver até o fundo do tempo numa diástase de quimeras escritas num papel seco para recordar sempre que o sonho amargue, sim, desfocar-me destes restos a que chamam nada és, e consomes televisão para fugir das tardes que cultivam cisais e cafés e até estrumes para alimentar o gado da minha cabeça desmiolada e estripada como falanges da língua seca nas paredes das verdades mais cruas da saudade.

Conheci Rostok numa tarde de frio onde nadava sobre gelos e eu só, pensava nas quentes tardes do Futungo esfomeadas de lanho para selar na barriga a sede de pão e leite e ainda a criança chora como uivos de tempestades de cansar e bramir ostracizar o vulgo numa raiva de estremecer de calmas lentas e cansadas por isso paradas, a lentidão é imensa, paciência, não me vou esmorecer por funcos deleitados na cama do general qualquer coisa que me deu sonhos que só servem para nada, apenas isso.

É isso, preciso que me deixem morrer em paz, na minha paz, a minha é diferente da paz dos outros, é que esta é de facto minha e que fazer para a merecer?

Dispenso os açoites da voz dos outros, preciso, isso sim, dos meus próprios açoites na coluna esticada numa parede de castigos para prisioneiros do seu templo, esse verde excomungado na garganta e na vontade da imaginação dos andros que se esquiçam em meu nome alegando serem os meus sacerdotes.

Ao fundo a torre da igreja e mesmo isso um horror, bateladas e bateladas de barulhos a ofuscarem o cansaço de que há tanto espero, esse mesmo, o tal que sei nunca entenderem mas nem disso preciso, pois, que seria de mim seguir os astros dos outros neste mapa de astrologias coloridas e cartas a dizerem-me:

“estás aqui”

Nem sei sono ou sonolência ou apenas preguiça de enfrentar o óbvio, mas o que sinto merece o meu singelo direito. A cama é minha, acredita!


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