Poemas de Delmar Maia Gonçalves
“Mussa Bin Bique”
Entre
o orvalho paradisíaco
lúcido e transparente da ilha
mora um xirico.No canto
melodioso do pássaro
dorme o paraíso.
II
Eu nunca
fui soldado
nunca usei farda
Mas usei a arma do poeta
a arma do versoEles disparam
balas
Eu disparo
versosNão carrego carrego
no gatilho
mas empunho
a pena!
III
“Vozes anoitecidas pelo silêncio”
Vil tristeza
revolve-me as entranhas
vãos desejos
de vendetta me inquietam
Clamados são
por vozes anoitecidas
pelas grades do silêncio.
IV
“Vozes”
Vozes ancestrais
me murmuram
Com que propósitos me murmuram?
Vozes ancestrais
me segredam
Com que propósitos
me segredam?
Com que intenções
me segredam?
Vozes de silêncio
se lamentam
Porque razões
se lamentam?
V
“Mulher XVII”
Ao embrenhar-me
no éden
do teu corpo
jamais me senti saciado.
VI
Mãe !
Que legado
é este
a que o erro nos condenou?
VII
“Licuári”
Licuári
era
celeiro de vida
quando a morte
congelou a esperança!
VIII
“Chokwé”
Em Chokwé
a água acordou pesadelos
e a esperança adormeceu.