A última reunião da assembleia geral, cuja mesa é presidida por Cristina Abreu, foi em Novembro do ano passado e teve a presença de apenas dois associados.
No próximo dia 5 de Fevereiro tem lugar mais uma reunião extraordinária da assembleia geral da Associação de Socorros de A dos Cunhados, no concelho de Torres Vedras. Segundo os seus dirigentes, será a derradeira oportunidade para se encontrar uma nova direcção, já que a actual está demissionária há quase um ano.
A última reunião da assembleia geral, cuja mesa é presidida por Cristina Abreu, foi em Novembro do ano passado e teve a presença de apenas dois associados. O objectivo era eleger novos órgãos directivos, mas o resultado foi igual ao das anteriores, ou seja, ficou tudo na mesma.
Desde Abril do ano passado que é assim e desde essa altura que ficou a mesma direcção, eleita em 2016 para um mandato de dois anos. Há três anos também não foi fácil encontrar direcção, mas acabou por entrar um grupo de sócios, entretanto reduzido a cinco elementos. A ideia era gerir a instituição durante um mandato e depois sair, só que não aparecem listas candidatas e vão ficando para que a associação não feche as portas.
Nuno Miranda (presidente), Dinis Fernandes (vice-presidente) e Armindo António (tesoureiro) asseguram que esta situação não pode continuar e se no próximo dia 5 de Fevereiro ninguém se candidatar a associação corre mesmo o risco de encerrar as portas.
Se vier a verificar-se esse desfecho cria-se um problema grave. Desde logo porque trabalham na Associação de Socorros de A dos Cunhados 12 pessoas, sete no serviço de transporte de doentes e mais cinco no bar. É uma dúzia de empregos que se perde. Depois há o serviço público prestado a cerca de 1.200 utentes por mês, numa média de 40 serviços diários, de transporte de pessoas a hospitais e clínicas da região para tratamentos. As sete viaturas fazem em média cerca de 800 quilómetros diariamente. Mais de 20 mil por mês.
A crise directiva já não é inédita na associação, mas foi sempre possível encontrar solução. Agora é mais complicado porque não se vislumbra que os associados se ofereçam para a gerir. Na opinião de Nuno Miranda, Dinis Fernandes e Armindo António, a agremiação está estável do ponto de vista financeiro, sem dívidas e com as contas organizadas. O que assusta potenciais candidatos é, talvez, a disponibilidade de tempo que é exigida aos dirigentes, mas sendo um serviço público de toda a população “era mais fácil se todos dessem um pouco do seu tempo de vez em quando”.
A associação tem à volta de dois mil associados, embora os ficheiros não estejam actualizados. As instalações foram crescendo ao longo do tempo, desde a fundação, a 7 de Dezembro de 1977, e hoje apresentam boas condições. Possui uma garagem para as viaturas, quatro salas de formação, um bar com restaurante e esplanada e ainda um salão amplo, com 400 metros quadrados que acolhe actividades e aulas para os alunos do jardim-de-infância e do Desporto Sénior da Câmara Municipal de Torres Vedras.
São dados que impressionam e que tornam ainda mais estranho o facto de nenhum dos sócios se oferecer para gerir aquela casa.
Além disso a União de Freguesias de A dos Cunhados e Maceira é comparável ao concelho do Sobral de Monte Agraço. Na verdade até é um pouco maior. Segundo os últimos Censos, o território de A dos Cunhados e Maceira tem uma área de 52,60 quilómetros quadrados e 10.391 habitantes.
Preocuparam-se tanto com a loja dos CTT, que só tem um funcionário, e agora ninguém de preocupa com a Associação de Socorros”
“Preocuparam-se tanto com a loja dos CTT, que só tem um funcionário, e agora ninguém de preocupa com a Associação de Socorros”, lamentam os ainda directores, que sublinham tratar-se de uma instituição que beneficia toda a população. Por exemplo, há um caso de uma utente que vai todas as noites fazer hemodiálise a Loures. É um serviço que nem sequer é rentável, mas em primeiro lugar está a função humanitária e a saúde de quem precisa.
Até agora durante as assembleias gerais “há mais pessoas no bar da associação do que no salão onde decorre a reunião, que é só subir as escadas”, dizem os directores demissionários, esperando que na próxima as coisas sejam diferentes.