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Sábado, Novembro 23, 2024

Atentados ambientais no rio Tejo e seus afluentes

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É visível a poluição do Tejo no cais do Escaroupim

Alerta dado pelo vereador Luís Gomes (BE) em Salvaterra de Magos

No dia 19 de Janeiro, à noite, o ambientalista e fotógrafo escalabitano, José Freitas, publicou uma foto da fábrica de celulose “Celtejo”, em Vila Velha de Ródão (Norte do distrito de Santarém) e fazendo o seguinte alerta:

“Esta é uma Fábrica de morte. Quem mata um rio mata a vida. É a CELTEJO, em Vila Velha de Ródão. O nome que tantos murmuram mas que não falam. (…) O medo não pára a razão. Nunca parou. Que se grite o nome e que isso seja uma acusação. Que os seus responsáveis tenham vergonha. Que os seus accionistas pensem se vale a pena ter o seu nome sujo como as águas que despejam no Tejo. São indicados pelo Ministério do Ambiente como uma das principais fontes de poluição do Tejo. O que todos sabiam mas continuam a não falar. Medo de quê porra? De dizer a verdade? De apontar o dedo aos culpados?”.

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O vereador bloquista Luís Gomes

Mas, felizmente que ainda existem pessoas que, pelo menos, não têm medo. E ontem à tarde, na reunião camarária, que teve lugar no salão nobre do município de Salvaterra de Magos, o vereador do Bloco de Esquerda, Luís Gomes, fez questão de alertar o executivo socialista e todos os munícipes presentes para os atentados ambientais que têm sido detectados e denunciados nas redes sociais, nos afluentes do Tejo e na poluição que afecta o maior rio ibérico.

“O rio Tejo tem vindo a ser vítima de continuados atentados ambientais, nomeadamente, na área da sua bacia hidrográfica que abrange as zonas da Beira-Baixa, Alentejo e o Ribatejo. Os efeitos dos caudais exíguos, da poluição e das barreiras artificiais são conhecidos, sem que algo de significativo esteja a ser feito por quem tem a responsabilidade directa. O Acordo de Albufeira, que regula os caudais dos rios internacionais, não está a ser cumprido por Espanha. Uns dias o caudal é exíguo, criando até charcos onde fica o peixe preso morrendo por falta de oxigénio ou tornando-se presas fáceis; noutros dias, é elevadíssimo, só para cumprir as cotas acordadas”, advertiu o Luís Gomes.

Mas o vereador bloquista não se ficou por aqui: “No que concerne à poluição, os meses de Abril, Maio, Junho, Julho, Setembro e, especialmente Novembro e Dezembro do ano que findou, foram um autêntico caos, quiçá só superado pelo dia 8 do corrente mês. Especialmente, entre Vila Velha de Ródão e Constância, as águas são negras e castanhas, a espuma e cheiro a químicos são cada vez mais frequentes. Nos seus afluentes destacamos a gravidade da poluição na ribeira do Açafal, no rio Almonda e no rio Alviela. Mas outros inúmeros casos são de conhecimento público”.

Denúncias feitas pelas populações

Luís Gomes, não sendo ribatejano, fixou-se no concelho de Salvaterra de Magos, no tempo em que o Bloco de Esquerda teve a única presidência de uma Câmara Municipal no nosso país. E apesar de não ser ribatejano demonstrou que fez muito bem o trabalho de casa para a reunião de ontem.

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A praia fluvial da “Praia Doce” – Salvaterra de Magos

“As barreiras artificiais, como o açude insuflável de Abrantes e o “travessão” do Pego, ao serem autorizadas, revelam que as entidades oficiais responsáveis não se pautam pela defesa da biodiversidade do rio e dos seus afluentes. Nem tão pouco se importam com a destruição das actividades tradicionais que eram o sustento de dezenas e dezenas de famílias. São as populações e as diversas associações ambientais existentes no contexto regional quem tem alertado e denunciado o que se está a passar, substituindo-se à ineficaz Administração Pública Central, Regional e Local”, afiançou o vereador bloquista.

Neste âmbito, a Associação Protejo foi ouvida em audição na Comissão Parlamentar de Ambiente no passado dia 12 de Janeiro. Carlos Matias, deputado de Bloco Esquerda (BE), revelou em sede de audiência, os focos de poluição mais problemáticos detectados aquando de uma fiscalização ocorrida entre 2 e 16 de Julho:

Em Vila Velha de Ródão a Celtejo, a Centroliva e a fossa da Zona industrial da Câmara. Em Mação, a Etar/Fossa I e II das Águas de Lisboa e Vale do Tejo e a fossa do Parque de Campismo da Ortiga da Câmara Municipal e em Abrantes a Etar da Empresa Queijo Saloio, Indústria de Lacticínios. A Celtejo é o caso mais problemático.

Das conclusões do documento, apresentado pelo Gabinete do Ministro do Ambiente em resposta às perguntas dos deputados do BE, Carlos Matias e Jorge Costa, “o BE discorda que o agravamento da poluição, tanto na quantidade como qualidade de água, se deva à fraca pluviosidade e às temperaturas elevadas. Estas condições apenas revelaram, em toda a sua plenitude, o grau de poluição actualmente existente”.

Importante assinar uma petição para salvar o Tejo

“Discordamos frontalmente que seja protelada para 2021 e 2027 a resolução dos problemas da ribeira do Açafal, pois isso trará consequências, ainda mais gravíssimas para o rio Tejo e que se repercutirão nas gerações vindouras. Exigimos uma intervenção urgente que mobilize os meios necessários para essa intervenção e penalize os poluidores”, defendeu Luís Gomes.

E, para concluir, o vereador bloquista ainda afirmou que “o Bloco não aceita que o que é de todos seja destruído por alguns – em benefício próprio – e denuncia a complacência da APA e do governo anterior”. “Reforçando a nossa oposição, o BE declara o seu apoio à iniciativa independente dos movimentos sociais ambientalistas, à petição “CONTRA A POLUIÇÃO DO TEJO E SEUS AFLUENTES” e apela à assinatura da petição em http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT79516 . Termino apelando a todas as forças políticas aqui representadas que se manifestem publicamente contra estes atentados ambientais no rio Tejo, assim como à maioria, na pessoa do Sr. Presidente, que junto da CIMLT, tomem medidas concretas para a inversão da destruição do rio Tejo e responsabilização dos seus poluidores”.

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Hélder Esménio, presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos

O presidente Hélder Esménio, optou por não dar grande importância à intervenção do deputado bloquista. Aliás, no Verão de 2015, o executivo liderado por Hélder Esménio decidiu inaugurar a “Praia Doce” (uma praia fluvial), na margem esquerda do rio Tejo, sem obter o parecer das entidades competentes e muito menos informar a população do concelho de Salvaterra de Magos,  de quais os verdadeiros níveis de poluição da água.

Ou seja, há imenso tempo que os ambientalistas e pescadores da Aldeia Avieira do Escaroupim têm vindo a alertar os responsáveis pelo município de Salvaterra de Magos, para as descargas poluentes que estão a ser feitas no rio Tejo. Mas essa matéria não tem merecido a atenção do presidente socialista nem dos seus vereadores.

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