Um Imã de origem paquistanesa a viver em Bruxelas condenou os ataques terroristas de terça-feira e apelou aos fiéis para que se manifestassem solidários com as vítimas e seus familiares. Asad Majeeb, 26 anos de idade, há duas décadas a viver na Bélgica, é o Imã da mesquita Ahmadiyya de Dilbeek, e apelou aos fiéis que hoje guardassem um minuto de silêncio, ao meio dia, frente ao altar improvisado que populares foram construindo na Praça da Bolsa de Bruxelas. “A nossa dor é dupla: enquanto muçulmanos e enquanto belgas”, assegurou ao El Mundo.
Este jovem clérigo muçulmano garante que uma nova geração está a “desafiar a cultura de morte do Daesh” nas suas pregações e a solicitar às comunidades islâmicas que condenem de forma clara os actos de terrorismo. “Não podemos ficar de braços cruzados à espera dos novos actos de islamofobia”, disse Majeeb, que acredita que a barreira está a cair. “Aqui mesmo podemos ver mulheres com o hijab, em comunhão com as pessoas de todas as religiões e todos os países que vivem em Bruxelas”.
“Quem mata um homem, mata a humanidade. Este é o ensinamento do Islão e essa vai ser a nossa pregação de sexta-feira na mesquita”, afirmou. Quanto às acusações de que as comunidades muçulmanas belgas alimentam o extremismo e não condenam com clareza a violência cometida pelo grupo terrorista Daesh, o jovem clérigo afirmou que estão a fazer o que podem. “Precisamos de mostrar nestes momentos a união contra estes criminosos que usurparam a nossa religião e dizer-lhes claramente: ‘não em meu nome’”, frisou.
Uma muçulmana que se encontrava no local falou aos jornalistas com visível perturbação: “Não compreendo as pessoas que fazem o mal desta maneira. Deviam parar. Por favor, párem! Párem de magoar as pessoas assim, os inocentes. Isto não serve para nada, não leva a lado nenhum que se comportem assim! Não é a solução! Os muçulmanos não são assim, os muçulmanos devem ajudar-se, não matar!”
Ainda segundo o jornal espanhol, o Comité Executivo Muçulmano Belga emitiu um comunicado em que “condena com força e sem reservas os actos de extrema crueldade contra civis inocentes”. O presidente da organização, Salah Echallaoui, que fora apontado pelo silêncio ante as acções terroristas do Daesh no passado, desmarcou-se e apelou à unidade contra a violência.