Por meio das redes sociais, o jornalista e escritor Audálio Dantas, que foi presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo no período da ditadura, abordou a cobertura da mídia na greve geral realizada nesta sexta-feira (28), contra as reformas apresentadas pelo governo Michel Temer.
Sob o título “A mídia sem máscaras”, Audálio resgatou a “convocação que jornais, rádios, TV, sites de notícia faziam há pouco mais de um ano para as manifestações a favor de deposição da presidenta da República, por meio de um processo fraudulento chamado impeachment”.
Ele destaca que a imprensa insuflou a imagem de pessoas como Kim Kataguiri, que foi promovido a “líder de massas de uma hora para outra e ocupava espaço em todas as mídias” e as emissoras de TV divulgavam, com antecedência, todos os preparativos para as grandes marchas.
“O Pato da Fiesp, tão amarelinho, era focalizado de todos os ângulos. Os jornais publicavam infográficos mostrando o itinerário das passeatas, pontos de concentração e tudo mais”, destacou Audálio, jornalista com mais de 50 anos de atuação em inúmeros veículos de imprensa e uma referência entre os profissionais.
Ao se referir à votação do impeachment, Audálio lembrou do silêncio da mídia “sobre as falcatruas de Eduardo Cunha, preservado para comandar o deprimente espetáculo que transformou a Câmara dos Deputados numa casa de tolerância, condição que perdura até hoje”.
E acrescenta: O mesmo silêncio que, vergonhosamente, se faz agora sobre a preparação da greve de protesto contra o processo de destruição dos direitos que os trabalhadores conquistaram em dezenas de anos de lutas. Quando se diz alguma coisa é para lamentar os ‘prejuízos’ que a greve causará ‘ao país’. O mesmo país que está em processo de liquidação promovido pela quadrilha que ilegitimamente ocupou o poder”.
Para ele, como ocorreu com os movimentos que surgiram no seio do povo contra a ditadura militar, como no caso da campanha pelas eleições diretas, em 1984, “o que acontece agora é uma vergonhosa omissão de informações”.
“Mesmo assim, milhões ocuparam as ruas. Se não for isso, o que justificará que um programa jornalístico chamado Jornal Nacional, tenha, na véspera da greve anunciada para hoje, sonegado qualquer informação sobre o movimento? É como se o país já estivesse totalmente entregue. E transformado num país sem povo”, enfatiza.
E conclui: “Mas a despeito da vergonhosa omissão de informação, parece que o povo existe e começa a despertar”.
Texto original em português do Brasil (Foto: Miriam Zomer/ Agência AL)
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