PS desafia Cavaco a dar posse ao Governo com maioria parlamentar à esquerda
A decisão do líder do PS é formar governo com o apoio do Bloco de Esquerda e do PCP e foi isso que afirmou ao Presidente da República na audiência desta terça-feira. E ainda mostrou a Cavaco o que a coligação PSD/CDS não tem: apoio parlamentar para conseguir governar.
“Aquilo que transmitimos ao Presidente da Republica é que PS pode formar um governo, uma solução que beneficie uma maioria parlamentar na Assembleia da República”. Segundo António Costa, chamaram ainda a atenção de Cavaco Silva “de não prolongar no tempo e deixar agravar situações de incerteza através de soluções sem viabilidade de terem apoio parlamentar maioritário” submetendo o país a longos meses de gestão.
Costa esclareceu o que disse em campanha eleitoral sobre a estabilidade governativa: “Sempre dissemos que nunca faríamos uma oposição negativa, desde que não houvesse uma solução de governo alternativa. Seria irresponsável. Acontece que o PSD não conseguiu formar uma solução de maioria no quadro parlamentar. Não devemos, por isso, adiar uma solução que garante o que foi vontade inequívoca dos portugueses”.
Governo PAF a prazo
Assim, António Costa argumentou junto de Cavaco Silva que a coligação não tem condições de governar face a um chumbo certo do programa da coligação PSD/CDS. E deixou em cima da mesa do presidente a resposta que Cavaco pediu: “Nós estamos em condições de formar um governo com suporte maioritário e estável na Assembleia que traduzem a clara vontade dos portugueses que querer uma mudança política”, afirmou Costa em Belém.
As negociações com BE e PCP continuam mas António Costa já marcou uma reunião da comissão política do PS para a noite desta quinta-feira, onde poderão ser já apresentados os contornos do acordo à esquerda.
O Bloco de Esquerda foi também a Belém. No final da audiência com Cavaco Silva, Catarina Martins repetiu o que terá dito a Cavaco: “indigitar Passos Coelho será apenas uma perda de tempo”. E reafirmou que caso Passos Coelho seja indigitado primeiro-ministro, o BE apresentará no parlamento uma moção de rejeição ao programa de Governo.
Catarina Martins seguiu as palavras de António Costa para afirmar que estão criadas as condições para um acordo sério com o PS para a estabilidade governativa e que foram já resolvidas algumas divergências.
Passos reclama a vitória eleitoral, quer ser indigitado e ainda faz apelos ao PS
Pedro Passos Coelho foi o primeiro líder a ser ouvido em Belém e saiu da audiência com o Presidente da República determinado a formar o novo executivo PSD/CDS. Mas deixou um derradeiro apelo ao PS para um acordo de estabilidade governativa. A Cavaco Silva pediu celeridade em nome da estabilidade económica e financeira do país.
“O PSD integrado na coligação Portugal à Frente juntamente com o CDS foi vencedor das eleições, e nesses termos, e de acordo com a prática constitucional, cabe-lhe, naturalmente, constituir Governo”, reafirmou Passos Coelho.
Durante a audiência, o líder do PSD informou Cavaco Silva sobre as diligências feitas, junto do PS, com vista à procura de condições para chegar a um acordo. “Como não foi possível obter da parte do PS uma clarificação, estamos confiantes de que existem condições em sede parlamentar de que os resultados eleitorais e do governo que deles emerge possam ser respeitados para haver estabilidade”.
Frisando sempre que foi a coligação que venceu as legislativas e que é prática constitucional que tenha o direito a formar Governo. “Agora é preciso que o PS diga em sede parlamentar, como é que entende posicionar-se para essa viabilização desse Governo. “Do nosso lado há sempre, em permanência, abertura ao diálogo”, afirmou Passos Coelho, colocando sempre a falta de vontade política no líder do PS.