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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Aumento de preços para as famílias e lucros enormes para as grandes empresas

Eugénio Rosa
Eugénio Rosa
Licenciado em economia e doutorado pelo ISEG

A inflação média anual não baixa (+8,6% em abril.2023), a da alimentação continuou a aumentar (+17,2%), entre 2021 e 2022 os preços do gás e da eletricidade subiram + de 69% para as famílias, os preços dos combustíveis aumentaram entre 2021 e 2023 mais de 42%, e os enormes lucros da EDP, Galp e REN em 2022 subiram ainda mais mais em 2023 (+204% no 1º trimestre), e o governo não toma medidas para acabar com esta sobre-exploração

Neste estudo, utilizando só dados oficiais (INE, DGEG, Eurostat e contas das empresas) mostro que, contrariamente a campanha de manipulação da opinião publica em curso que procura convencer os portugueses que os preços estão descer muito, o que está a acontecer é que a inflação média anual em abril.2023 praticamente se manteve igual à do mês anterior (mar.2023: 8,7%; ab.2023: 8,6%), e a inflação média anual da alimentação continua a aumentar (+17,2% em ab.2023). Os preços dos combustíveis, sem incluir impostos, aumentaram muito mais do que os preços com impostos. E os preços do gás e eletricidade para as famílias aumentaram cerca de 70% em 2022. Como consequência os lucros da GALP, EDP e REN que foram já enormes em 2022, aumentaram 204% no 1º trim.2023.

 

Estudo

A inflação média anual não baixa (+8,6% em abril.2023), a da alimentação continuou a aumentar (+17,2%), entre 2021 e 2022 os preços do gás e da eletricidade subiram + de 69% para as famílias, os preços dos combustíveis aumentaram entre 2021 e 2023 mais de 42%, e os enormes lucros da EDP, Galp e REN em 2022 subiram ainda mais mais em 2023 (+204% no 1º trimestre), e o governo não toma medidas para acabar com esta sobre-exploração

Uma das campanhas de manipulação da opinião publica em curso tem sido convencer os portugueses que os preços estão a diminuir e a economia a crescer. Para isso distorcem-se dados e ocultam-se outros. Neste estudo, com dados oficiais (INE, Eurostat, relatórios de empresas) vamos dar um retrato verdadeiro da realidade.

 

A INFLAÇÃO TOTAL ANUAL NÃO BAIXA, E A INFLAÇÃO ANUAL DA ALIMENTAÇÃO CONTINUA A AUMENTAR

O gráfico 1, construído com os dos divulgados pelo INE em abril de 2023, mostra que a inflação média anual continua a resistir a baixar, e a inflação média anual dos “produtos alimentarem e bebidas não alcoólicas” continua a aumentar, o efeito do IVA “ZERO” tem sido também, na prática, “ZERO”.

Contrariamente à ideia que vários media fizeram passar junto da opinião pública , entre março.2023 e abril.2023, a inflação media anual praticamente manteve-se igual (8,7% em mar.2023 e 8,6% em ab.2023), e a inflação anual dos “produtos alimentares e bebidas não alcoólicas” aumentou de 16% para 17,2%. E mesmo a inflação total anual não traduz, com verdade, a realidade. E isto porque o INE considera que a despesa com a alimentação representa apenas 21% da despesa total mensal de cada família. Se esta percentagem de 21% aumentar para 40%, que deve estar muito mais próxima daquela que a maioria das famílias gastam com a alimentação do seu orçamento familiar, a inflação atual anual de 8,6% subirá para um valor muito próximo dos 9,5%. O Eurostat confirma a subida de preços em Portugal em abri.2023 como revela o gráfico 2 mostrando mesmo uma aceleração entre janeiro de 2023 e abril de2023 (+3,4%).

 

ENTRE MARÇO.2021 E MARÇO.2023, O PREÇO DA GASOLINA E DO GASÓLEO, SEM INCLUIR IMPOSTOS, AUMENTOU ENTRE 42,6% E 47,7% E, INCLUINDO IMPOSTOS, SUBIU ENTRE 7,9% E 12,7%

O quadro 1, com dados oficiais da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) revela que a subida dos preços dos combustíveis, foi muito maior nos preços sem impostos, aqueles que revertem na totalidade para as empresas, do que nos preços dos combustíveis com impostos, embora, à primeira vista, pareça impossível.

Quadro 1 – PREÇOS DA GASOLINA E DO GASÓLEO SEM INCLUIR IMPOSTOS (reverte na totalidade para as empresas) E DE VENDA AO PÚBLICO (inclui impostos) EM MARÇO DE 2021 E EM MARÇO 2023 – DGEG


Como revelam os dados da DGEG do quadro 1, entre março de 2021 e março de 2023, o preço de um litro de gasolina 95, sem incluir impostos, aumentou, 42,6% (em euros, +0,253€) , e o preço de venda ao publico, com impostos, da gasolina 95, subiu 7,9% (em euros, +0,122€). E entre mar.2021 e mar.2023, o preço de um litro de gasóleo, sem impostos, aumentou 47,7% (em euros, +0,283€), e o preço de litro do gasóleo, com impostos, subiu 12,7% (em euros, +0173€). A parcela do aumento dos preços que reverteu para as empresas foi muito maior do que a que reverteu para o Estado. Empresas e Estado foram beneficiados com o aumento dos preços dos combustíveis, mas o aumento para as empresas, tando percentualmente como em euros, foi maior do que para o Estado. Uma concussão contrária àquela que tem sido veiculada pelas empresas e seus defensores.

 

ENTRE 2ºSEM.2020 E 2º SEM.2022, OS PREÇOS DE GÁS E LETRICIDADE DISPARARAM PARA AS FAMILIAS

O gráfico 3 (dados do Eurostat), mostra a dimensão do aumento dos preços do gás e da eletricidade em Portugal.

Entre o 2º sem.2021 e o 2º sem.2022, os preços dispararam (+70,1% no gás, e +69,4% na eletricidade).

 

OS ENORMES LUCROS DA EDP, GALP E REN EM 2022 VÃO AUMENTAR AINDA MAIS EM 2023

Quadro 2 – Lucros das empresas de energia em 2022, e no 1º trim.2022 e 1º trim.2023

Em 2022, estas 3 empresas do setor da “energia” obtiveram 2162 milhões € de lucros e, no 1º trim.2023, os lucros obtidos por elas foram superiores aos que tiveram em igual período de 2022, em 204,3%, o que revela que no ano de 2023 ainda serão maiores dos que em 2022. E o governo e fiscalização nada fazem para pôr cobro a esta sobre-exploração dos portugueses.


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