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Domingo, Novembro 24, 2024

Autoridades de ocupação marroquinas matam uma jovem e ferem dezenas

Isabel Lourenço
Isabel Lourenço
Observadora Internacional e colaboradora de porunsaharalibre.org

Durante a noite e madrugada de 19/20 Julho as autoridades de ocupação marroquinas investiram brutalmente contra a população saharaui que saiu às ruas após a vitória da equipa da Argélia na CAN (Copa Africana de Nações).

A jovem Sabah ment Ozman de 23 anos foi atropelada por um veículo das forças de ocupação na Avenida Smara em El Aaiun, tendo tido morte imediata. Passava pouco da uma da manhã quando a noticia da morte da jovem foi divulgada nas redes sociais e confirmada pouco tempo depois pelas nossas fontes no terreno membros da Nushatta Foundation e Codapso.

Os relatos de ataques da policia continuaram durante toda a noite. O número de feridos não está contabilizado. Crianças e jovens que enchiam as ruas para celebrar a vitória Argelina e exigir também a independência do Sahara não foram poupadas.

“Estão a usar balas, estou a ouvir os tiros!… vê o que acontece ? Assim que estamos um momento felizes os Marroquinos destruem tudo! Mataram uma rapariga e partiram os nossos corações! Diz M., aluno do ensino secundário.

“Milhares nas ruas, toda a gente está nas ruas, estamos a celebrar a vitória dos nossos irmãos e a exigir a nossa independência! Aqui não há direitos humanos, aqui o que há é ocupação! Mataram esta rapariga, mais uma na longa lista de assassinatos, acha que alguém vai fazer alguma coisa? Ninguém nos vê ninguém nos ajuda! Vão matar-nos a todos de uma forma ou outra, isto não pode continuar” diz S, uma jovem estudante de El Aaiun.

Videos de Dakhla, outra cidade dos territórios ocupados do Sahara Ocidental, mostram que houve manifestações e celebrações da vitória Argelina em todo o lado.

Durante toda a noite não foi visto um carro da MINURSO, missão das Nações Unidas para o Sahara Ocidental, que não tem no seu mandato a protecção da população saharaui. A MINURSO deve assegurar e monitorizar o respeito do acordo de cessar fogo acordado entre as partes. Apesar da utilização de armas contra a população ser uma violação do cessar fogo Marrocos não sofre qualquer sanção. A MINURSO curiosamente nunca intervém quando se trata de ataques à população civil saharaui no quadro da violação do cessar fogo, como foi o caso do brutal desmantelamento do acampamento de protesto pacifico, Gdeim Izik em 2010.

Por cada saharaui estima-se que existam entre 10 a 15 membros das várias forças de ocupação marroquinas no território, não contando com os colonos marroquinos. A população não dispõe de qualquer meio de defesa contra a brutal repressão diária a que está submetida e tem resistido de forma não violenta desde o cessar-fogo em 1991, aguardando o referendo prometido, mas boicotado por Marrocos.

A paciência dos saharauis está no limite e as sucessivas manobras das Nações Unidas e silêncio da comunidade internacional são lenha para uma revolta enorme numa região já de si conturbada.

 

 


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