O Banif não conseguiria sobreviver nem mais uma semana após o dia da decisão do Governo, em Dezembro passado. O Banco Central Europeu fechou as torneiras do crédito e, a partir dessa altura, o Banif “não teria condições de liquidez” para manter a sua actividade normal. A revelação foi feita pelo governador do Banco de Portugal em audição na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças.
Tendo apenas um dia para resolver o problema, foram ouvidas as entidades que tinham apresentado propostas de compra do banco e que reuniam, nesta nova fase (de venda de activos e não do banco), as condições necessárias: terem licença bancária, actividade em Portugal e dimensão relevante para absorver o negócio em causa.
Apenas o Banco Popular e o Santander reuniam tais condições e, referiu o governador, ambos terão sido convidados a apresentar propostas. O Popular acabou por não se interessar pelo negócio, o qual foi fechado com o Santander. A opção preferida do Governo – como já havia sido afirmado, anteriormente, pelo ministro das Finanças – era a integração do Banif na Caixa Geral de Depósitos, o que não foi possível por oposição comunitária por também o banco público ter sido objecto de apoios públicos.
Como não tinha condições para se manter em actividade, por falta de liquidez, e também porque foi bloqueada, pelo Banco Central Europeu, a hipótese de haver um banco de transição que desse mais tempo e margem de manobra para a sua liquidação, esta foi a solução possível.
As dificuldades do banco vinham de longe e tinham levado, em Dezembro de 2012, o Estado a decidir-se pela sua recapitalização.
Na altura, assumiu Carlos Costa, essa intervenção foi defendida junto do Governo pelo Banco de Portugal por entender que era a opção “menos onerosa” entre todas as que estavam em cima da mesa, em especial, a liquidação daquela entidade de crédito.
A ajuda (mil milhões de euros) foi concedida, ficando o Banif de apresentar um plano de reestruturação à Direcção Geral da Concorrência. Como se sabe, houve várias propostas que acabaram por não ter aprovação por aquela entidade europeia, uma situação a que o Banco de Portugal diz ser alheio e cujas explicações Carlos Costa remeteu para os então administradores do Banif.
No ano passado, foi decidido vender o banco, mas o processo acabou por não ter sucesso. Notícias vindas a público – em especial, na TVI – levaram a que a situação se agravasse e que, em apenas um dia, tivesse sido decidido colocar mais dinheiro público no Banif, o seu fecho e a venda dos seus activos ‘bons’ ao Santander.