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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Bater em mulher; policial pode?

Christiane Brito, em São Paulo
Christiane Brito, em São Paulo
Jornalista, escritora e eterna militante pelos direitos humanos; criou a “Biografia do Idoso” contra o ageísmo.  É adepta do Hip-Hop (Rap) como legítima e uma das mais belas expressões culturais da resistência dos povos.

A repressão chegou e o rapaz foi levado pelos policiais. Observe no vídeo!

Essa minha introdução narrativa às cenas é mera especulação, não houve e nem haverá reportagem porque o Brasil dos que reivindicam nas ruas está censurado pela imprensa.

É assustador ver a jovem seguir o rapaz que está sendo preso. Altiva, quer livrá-lo da situação, é corajosa.

Ouve-se então uma pergunta que fica parada no ar, vem de um homem ao lado: “Qual  é a acusação?”

A essa altura o jovem já vai longe. Daí começa a agressão à jovem, que é emboscada no poste, depois golpeada por um policial, reage tentando se soltar.

Os jovens que estão fora do enquadramento da câmera gritam: “Solta ela!!”

Em vez de soltar, os policiais a cercam em grande número, covardemente. Ela é derrubada e arrastada pela gola do agasalho. Parece inerte.

Os policiais usam gás lacrimogêneo para dispersar os que tentam se aproximar. Mesmo assim, alguns se arriscam, tossem, não podem ser vistos porque o foco na câmera é a garota desmaiada e arrastada. Completamente cercada de policiais tomados pelo que, talvez, considerem missão.

São brutais porque não racionalizam. Mujica, ex-presidente do Uruguai, alertou o nosso povo: “A conta pendente do povo brasileiro é não permitir que o ódio germine por divergências políticas”.

Voltando ao vídeo, alguém grita: “Você tá enforcando ela”.

Faz sentido, a moça parou de se mover quando começou a ser arrastada pelo capuz.

Essa violência é muito comum nas favelas, periferias.

Há pouco tempo, ninguém gravava e transmitia as imagens.

Hoje temos o registro da violência contra os jovens, especialmente os negros, que estão protagonizando atos pela democracia, pelos direitos sociais adquiridos que lhes estão sendo roubados, pelo futuro do país que planejam construir, mas está sendo usurpado pelo golpe.

Os jovens carregam a nossa esperança e a nossa força. Temos que repudiar a violência e protegê-los, porque é assim que se protege também nossa combalida democracia.

Se a violência não aparece nem aparecerá na imprensa, que circule em nossas redes, nas plataformas independentes de jornalismo.

Na manifestação dos estudantes secundaristas, oficialmente, 12 jovens foram detidos e “não houve feridos”. Fato que as imagens desmentem.

Vamos descobrir o nome e o destino da moça agredida. Vamos cobrar civilidade da polícia. Não vamos deixar nem um manifestante, jovem, adulto ou idoso, desapareça nessa hora cinza da nossa história!

Nota: a autora escreve em português do Brasil

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