Poemas de Delmar Maia Gonçalves
I
“Bêbado”
Ah bêbado…
Por que mágoas te rebelas,
por que entraves
por que aberrações(?)
Ah bêbado…
Se soubesses quantas
soluções melhores encontrarias!
Se procurasses …!
Se soubesses quanta dor semeias!
Se soubesses quanto amor desperdiças!
Valerá a pena
ser libertino(?)
Oh bêbado…!
Quanto ódio enraízas em mim!
Quanta ingratidão
me ofereces!
Valerá a pena
ser bêbado?
II
“Interpelação”
cies
onde combate meu irmão
Sol que queimas do lado das planícies
onde combate meu irmão
Que “novas” me trazes?
E o sol em brasa
responde:
O mensageiro traz-nos
“novas” com cheiro de sangue e pólvora
e ainda o pó do lodaçal
seco que arrasto comigo!
III
Em Homoíne
a morte
clama
verdades impolutas
na poeira
do tempo gasto.
IV
“O burro”
O burro
que é burro
afinal não é burro
Nós humanos
temos o burro escondido
algures dentro do nosso ser!
V
Se as acácias
voltarem a florir sangue
de que forma poderemos salvá-las?
VI
As cangas
desapareceram quando surgiram
as mambas.
VII
Os Deuses sussurraram-me
que moram nas pedras
que nos observam.
VIII
Ontem os chuviscos de lágrimas
apagaram o rastro das gotas
da minha biografia.