A mãe de Billie, Sadie, a quem chamavam “A Duquesa”, decidiu abrir um restaurante chamado Mom Holiday’s. Sadie começou a pedir à filha grandes quantias para o manter. Billie foi cedendo, mas em pouco tempo caiu numa situação financeira difícil. A certa altura, necessitando de dinheiro, Billie foi ter com a mãe ao restaurante e pediu. Apesar de todo o dinheiro que tinha recebido da filha, Sadie recusou. As duas discutiram e, no final, Billie gritou com raiva “”God bless the child that’s got his own” e saíu. Desta catarse surgiu “God Bless the Child”, que compôs com o pianista Arthur Herzog Jr. “God Bless the Child” tornou-se o álbum mais popular de Billie. Atingiu o número 25 nos tops em 1941 e ficou em terceiro lugar nas canções da Billboard do ano, vendendo mais de um milhão de discos. Em setembro de 1943, a revista Life escreveu: Ela tem o estilo mais distinto de qualquer vocalista popular e é imitada por outros vocalistas”.
Com 29 anos, Billie assinou contrato com a Decca, em 7 de agosto de 1944. A sua primeira gravação nesta editora foi “Lover Man”, um de seus maiores sucessos. O seu sucesso e dimensão da Decca fizeram de Billie um marco na comunidade pop da época. Ela começou a dar concertos a solo, raros para cantores de jazz no final dos anos 40. Billie pediu a Gabler para incluir cordas na gravação, tal como tinha acontecido com Frank Sinatra e Ella Fitzgerald.
Em 1946, Billie gravou pela primeira vez “Good Morning Heartache” e em setembro desse ano iniciou a rodagem do seu único grande filme, “New Orleans”. A produção foi de Jules Levey e o argumento de Herbert Biberman, ambos muito pressionados pelo macarthismo. Várias cenas foram cortadas do filme, procurando minimizar o papel dos negros no nascimento do jazz.
O uso de drogas por Billie já nessa altura era um problema sério. Apesar de ganhar mais de mil dólares por semana, Billie passava grande parte do tempo sob o efeito da heroína. O efeito na sua música era também visível, com a gravação de baladas sentimentais e lentas como “Good Morning Heartache”, pautadas por pouca variação na melodia e nenhuma mudança no ritmo.
Em 1947, Holiday estava no pico da sua carreira, com uma receita de 250 mil dólares nos três anos anteriores. A sua popularidade colocou-a nos principais tops e revistas de músicas do País. No entanto, nem tudo estava bem na sua vida. A 16 de maio de 1947, Billie foi presa no seu apartamento em Nova Iorque por posse de por posse de droga. Em março de 1948 a pena foi reduzida por bom comportamento e a cantora foi libertada.
O seu empresário pensou então num espetáculo de regresso no Carnegie Hall. Billie hesitou, sentindo-se insegura sobre como o público a aceitaria após a prisão. No entanto, acabou por ceder e concordou. A 27 de março de 1948, Billie brilhou num Carnegie Hall esgotado, cantando 32 músicas para 2.700 pessoas, incluindo “Night and Day”, de Cole Porter, e “Strange Fruit”, o seu êxito de 1930.
Mas a droga não desarmava e Billie foi novamente detida em 22 de janeiro de 1949, no seu quarto do Hotel Mark Twain, em San Francisco. No final da década de 1940, apesar de sua popularidade e da sua presença em palco, as suas músicas eram pouco tocadas no rádio, devido à sua relação com as drogas. Entre outros efeitos, Billie viu a licença para atuar em clubes de Nova Iorque revogada, devido à sua condenação de 1947. Esta revogação impediu-a de atuar em qualquer lugar que vendesse bebidas alcoólicas até ao final da sua vida, 12 anos depois.
Vídeos
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90
Receba a nossa newsletter
Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.