Poema inédito de Beatriz Aquino
Bípedes
Sou bípede.
E ando.
Por baixo dos porões dessa cidade fria,
sobre-humanos rastejam conspirações e silabam duras verdades.
Mas a voz não chega.
Dos esgotos e valas tudo é mera estatística.
Saneamento básico.A fala do povo é um murmúrio inaudível,
cansado.
Sem direção e sem amparo.Por cima, o que se vê é um grande formigueiro.
A matilha ordeira se colore.
Trocam presentes e sonhos.
Esquecem que um vírus lhes entrincheira os pulmões.
E dormem cevados e alheios.É Natal.
Uma criança chora.
E não é o menino Jesus…
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