Os meus objectos (2)
O boletim de voto é um dos meus objectos preferidos por aquilo que representa e pela sua história.
Se nos recordarmos, durante muitos e muitos anos, foi-nos vedado o direito a uma coisa tão simples como importante: decidir livremente, exprimir uma opinião, fazer uma opção consciente.
Claro que, hoje, esse parece um tempo distante e sem interesse. Penso exactamente o contrário. A liberdade sente-se muito mais se pensarmos na sua ausência. Hoje damos por garantido o direito ao voto. Mas, conseguiremos imaginar o regresso a uma situação em que não pudéssemos votar? Parece difícil e nem sequer queremos pensar muito nessa perspectiva sombria e inquietante.
Sempre que me dirijo à mesa de voto e coloco a cruz no quadrado, estou a fazer um gesto muito simples. Nesse momento, penso sempre em todos os que lutaram para que nós pudéssemos, com liberdade e sem constrangimentos, exercer este direito. A democracia começa aqui embora, obviamente, não se resuma a este acto formal. Mas este é o momento em que tomamos a palavra e podemos decidir.
Votarei sempre, mesmo que seja em branco (como já aconteceu): detesto que sejam os outros a tomar as minhas decisões.
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