“Um governo que traz de volta a inflação e a carestia, que pratica preços exorbitantes nos combustíveis. Um governo que só causa miséria e sofrimento na população”.
Nesse dia 15 de setembro o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou a abertura de uma investigação sobre o financiamento dos atos antidemocráticos, patrocinados por Bolsonaro pelo possível uso da máquina e de recursos públicos, assim como por caracterização de campanha antecipada.
O presidente, assim como vários ministros, empresários e apoiadores passaram mais de um mês preparando, investindo e mobilizando para os referidos atos.
Bolsonaro apostou todas as suas fichas naquelas mobilizações, imaginando que acumularia forças, talvez não para dar um golpe, mas para acuar a oposição e se fortalecer diante da sociedade e principalmente diante do Supremo Tribunal e do Congresso Nacional.
O resultado porém foi exatamente o inverso. Os atos, apesar de terem contado com um número importante de pessoas (não podemos tapar o sol com a peneira), ficaram muito aquém das expectativas e dos pesados investimentos, que, como já destacado, segundo fortes evidências, não foram apenas de empresas privadas, do agronegócio principalmente, mas também contaram com dinheiro e com a máquina pública.
Reproduziram farto material fabricado pelo gabinete do ódio para mobilizar adeptos. Chegaram até a distribuir dinheiro entre os manifestantes, conforme a demonstram vários vídeos que circularam pela internet.
Em São Paulo os dois milhões se transformaram em 125 mil e em Brasília o número foi ainda menor, as mobilizações não atingiram 10% do esperado.
Nas ruas estavam parte daquela parcela mais radicalizada, mais atrasada, conservadora e antidemocrática da sociedade brasileira.
Muitos foram a Brasília imaginando que invadiriam o STF, tal qual fizeram os apoiadores de Donald Trump quando promoveram a frustrada invasão do Capitólio em Washington, no dia 6 de janeiro do corrente ano.
Não restam dúvidas que o caráter dos atos eram contra a democracia e contra as instituições. Cartazes e faixas pediam “intervenção militar com Bolsonaro no poder”, “fechamento do STF e do Congresso Nacional”, “voto impresso”, e outras aberrações antidemocráticas.
No mesmo tom de ataques, assistimos os pronunciamentos do presidente, que, dois dias depois foi obrigado a assinar uma carta de arrego, redigida por Michel Temer.
Um episódio deprimente, vexatório, que mostrou mais uma vez o quanto o Brasil está a deriva, o quanto o Brasil carece de uma liderança, de um estadista, que sustente e fortaleça a democracia, mas que colocasse também o país nos trilhos, que enfrentasse os problemas econômicos e sociais que se agravam a cada dia que passa.
Sobre o episódio, nos últimos dias um vídeo viralizou pela internet, era um jantar de empresários com o ex-vice-presidente da república, o golpista Michel Temer. Lá um humorista não apenas imitava Bolsonaro, mas reproduziu de forma perfeita, e arrancando muitos risos, o vexame, a chacota patrocinada pelo presidente da república quando, tal qual um marionete, assinou a carta escrita por Temer.
Mais uma demonstração de que Bolsonaro não é o presidente da República, de que ele não manda nada na política brasileira. Apenas ocupa o cargo para criar confusões e ameaçar a democracia.
E os fatos foram tão graves que não bastam as iniciativas do Tribunal de Contas da União e do Tribunal Superior Eleitoral, é preciso que o próprio parlamento brasileiro enfrente a situação.
Nos Estados Unidos a frustrada invasão do Capitólio redundou na abertura de um processo de impeachment contra o ex-presidente Trump. Não é possível que aqui no Brasil a Câmara permaneça inerte.
A inércia nesse caso não está só se caracteriza num ato de conivência com os crimes praticados pelo presidente da república, mas podem estar se transformando em incentivo para o agravamento da situação, para a efetivação prática das ameaças feitas abertamente, a luz do dia, contra a nossa democracia.
Após os episódios, Bolsonaro ficou ainda mais isolado. Alguns partidos como o PSDB, por exemplo, anunciaram a troca de uma posição de “independência” para oposição ao governo.
Isso é importante, sem dúvida nenhuma, mas, o que está na ordem do dia é a necessidade do Impeachment de Bolsonaro, o que só será possível com a formação de uma frente ampla!
Uma frente que reúna partidos, entidades, personalidades, artistas e intelectuais, não apenas contra Bolsonaro e o seus atos irresponsáveis, uma frente em defesa da democracia e do Estado de Direito, mas uma frente contra os males causados pelo governo, que causou a morte de aproximadamente 600 mil pessoas pela covid 19, que leva o desemprego à mais de 14 milhões de pessoas, e faz com que cerca de 30 milhões sobrevivam de bicos.
Um governo que traz de volta a inflação e a carestia, que pratica preços exorbitantes nos combustíveis. Um governo que só causa miséria e sofrimento na população.
por Vanessa Grazziotin, Ex-senadora (AM) | Texto em português do Brasil
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