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Sábado, Dezembro 21, 2024

Bolsonaro cai ou não cai?

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

Já em sua campanha o presidente eleito em 2018, Jair Bolsonaro mostrava pretensões ditatoriais. Após sua posse em 1º de janeiro tudo foi ficando mais explícito. Eleito com amplo apoio midiático, empresarial e de parte do Judiciário, o atual presidente cada vez mais se afina com a extrema-direita rancorosa, inimiga do povo e da vida.

Fez de sua bandeira a reforma da previdência, defendida pelo conjunto dos empresários, assim como procura ampliar a retirada de direitos da classe trabalhadora e avança contra o movimento sindical para minar a resistência a esse projeto de submissão aos interesses do capital financeiro.

Em menos de um ano de mandato, seu governo corta investimentos em educação e saúde públicas ao mesmo tempo em que perdoa dívidas de latifundiários e de grandes empresários.

Ataca os direitos humanos e exalta a ditadura como forma de desviar de várias acusações de ilícitos que vem recebendo, principalmente após o início da divulgação pelo site Intercept Brasil das maracutaias do ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da operação Lava Jato para condenar e prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Eleito com forte aparato econômico e amplo apoio midiático, não compareceu a debates, não explanou nenhuma proposta para tirar o Brasil da crise a que o projeto neoliberal iniciado pelo presidente golpista Michel Temer, que chegou a quase zero de aprovação popular, Bolsonaro só fez aprofundar a crise e as desigualdades no país em menos de um ano de mandato.

No período eleitoral, a direita se uniu para impedir Lula de disputar a eleição e pelo projeto neoliberal, em defesa do Estado mínimo para os mais pobres, mas máximo para o andamento de seus empreendimentos.

Por isso, a resposta da ex-presidenta Dilma Rousseff a uma pergunta feita pelo jornal O Estado de São Paulo, denunciando o conluio de todos esses setores, que desde sempre atacaram implacavelmente o Lula, a esquerda e os movimentos sociais, sem nenhum compromisso com os fatos e agora se fazem de surpresos com os sucessivos ataques que Bolsonaro e seus filhos fazem à democracia.

Inclusive porque o atual presidente usa dessa tática para fugir de acusações muito sérias de seu envolvimento na trama do assassinato de Marielle Franco no dia 14 de março do ano passado.

Desde sempre o envolvimento da família Bolsonaro com milicianos e a extrema-direita que enxovalha o mundo com fake News pelas redes sociais, o governo brasileiro vai afundando o país na crise e nada propõe para sair dela.

Pesquisas recentes comprovam o crescimento das desigualdades com os ricos ficando ainda mais ricos e os pobres se afundando na miséria. A juventude está sem perspectivas e torna-se cada vez mais comum jovens e crianças vendendo balas em semáforos nas ruas das grandes cidades. Um verdadeiro genocídio da juventude negra, crescimento da violência contra as meninas e as mulheres, os povos indígenas, os sindicalistas e forte crescimento da impunidade.

A justiça cada vez fica mais cega no Brasil, mas o Supremo Tribunal Federal pode, se tiver dignidade, iniciar uma reação a esses desmandos. Pode iniciar investigação das acusações que pesam contra Bolsonaro e julgar de acordo com a Constituição a prisão em segunda instância no país.

Assim como o Congresso pode mostrar que não é um mero apêndice do Executivo e cassar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) por suas declarações em defesa do Ato Institucional número 5, que em 1968, deu plenos poderes ao presidente na ditadura fascista, instaurada em 1964.

O Brasil chegou a um ponto que ou barra os desmandos dos Bolsonaro ou afunda de uma vez e poderá levar décadas para emergir. Ou as forças democráticas se unem e formam uma Frente Ampla ou vai continuar patinando e vendo a comissão da direita desfilar e deitar e rolar na política, cada vez com menos direitos individuais e políticos aos seus adversários.

Bolsonaro cai ou não cai. Atentos acompanhando os próximos capítulos.


Texto em português do Brasil


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