Como inovador que era, sempre foi perseguido por uma série de calúnias a seu respeito, e a reputação de “pintor de vulgaridades” acompanhou-o por toda a vida.
Este quadro foi considerado afrontoso à ordem social vigente. Foi tido como grosseiro o modo como a figura do pintor vestido sem o lustro apropriado com que se dirige ao endinheirado burguês, Alfred Bruyas, seu amigo íntimo e seu mecenas. A altivez de Courbet era incompatível com a etiqueta cavalheiresca que o obrigaria, perante tão opulenta figura.
A arte moderna é a partir dele que emerge e assim é reconhecido por Cézanne ou Picasso. Não pretende contar histórias, mas tão só registar o momento. A vida era algo mais que a perspectiva aurática do Romantismo individual espiritualizado.
Pintava directamente na tela a partir de cores fortes e de tinta quase pastosa, socorrendo-se de uma espátula por substituição do pincel, como pode exemplificar o terreno que se encontra em primeiro plano. Repare-se na particularidade das sombras que incidem nas personagens: o burguês e o seu criado estão protegidos pela sombra de uma árvore, enquanto que a sombra do artista sai-lhe do próprio corpo, podendo fazer-se, tranquilamente, através deste pormenor a leitura da sua forte e conhecida personalidade.
Nota da Edição
Gustave Courbet (1819-1877)
Nasceu em Ornans, França. Não gostava de livros e seu único interesse estava no desenho e na pintura. As suas obras sofreram a influência de pintores franceses, espanhóis e alemães da época do Realismo no século XVII.
Courbet envolveu-se em ideais políticos influenciado por Pierre Joseph, escritor socialista. Durante a Comuna de Paris, foi nomeado presidente do comité para preservar obras de arte. Foi preso, por participar na destruição da coluna de Napoleão em Vendôme. Depois de ter que reconstruir o que destruiu, foi para a Suíça.
Foi considerado pai não só do Impressionismo, como também do Cubismo na era moderna.