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João de Sousa

Segunda-feira, Novembro 4, 2024

Braga envelheceu precocemente

O envelhecimento é um ciclo natural. Acontece com tudo aquilo que é matéria mas também com a não matéria. Não se combate. Previne-se.

Previne-se na variável da qualidade mas também da conservação das suas qualidades primárias embora se deva também ajustar essa qualidade aos tempos incorporando ou, interiorizando, consoante o caso, matéria viva ou não matéria, as condicionantes que balizam a evolução, inclusive o retrocesso que também acontece, mas que, acontecendo deve, esse sim, ser combatido.

Ora, aquilo que está a acontecer na cidade, é o envelhecimento de todas as espécies existentes na sua área geográfica, extensível ao perímetro Concelhio, porque as suas freguesias suburbanas e rurais sentem em si o reflexo da capacidade política dos Paços do Concelho impotente na sua gestão e inconsistente na gestão do seu espaço urbano preenchido por freguesias urbanas com Órgão político de poder sem poder algum porque esse, o poder, se encontra na posse dos citados Paços do Concelho.

Inconsistente porque não tem, pese a existência de um documento, mais um, para uma dúzia de anos – três mandatos –  de poder, a que pomposamente chamaram “Plano Estratégico para o Desenvolvimento Económico de Braga 2014 – 2026” que diz ser assente em eixos centrais como:

  • “uma cidade inovadora baseada na sua dinâmica empreendedora de base tecnológica e integradora de uma região tecnológica constituída, entre outros, pelos concelhos do Quadrilátero Urbano com influência crescente no Eixo Atlântico”.
  • “uma cidade feliz que ganha corpo pelos seus índices de qualidade de vida, sustentabilidade e dinâmica social e cultural.”

Plano Estratégico que tem demonstrado ser, mais uma mão cheia de nada, num universo de promessas elaboradas e assentes em palavras avulsas espalhadas à toa em claro desrespeito pelo peso que as palavras escritas devem ter.

Braga envelhece assim, precocemente

E, precocemente porquê? Porque quando se muda a direção de uma qualquer Instituição visa-se sempre o seu rejuvenescimento no domínio das ideias. Que, foi coisa que não aconteceu com a mudança operada na cidade no ano de dois mil e treze. Uma mudança de pessoas sem que acontecesse mudança alguma no trajeto da cidade nem sequer nos planos de mudança desta mesma cidade de Braga. Quando muito, uma  mudança nos paradigmas ideológicos e nada mais.

A criatividade exigida não chegou a emergir quedando-se a cultura pela existente e pela mediocridade dos valores de referencia de alguns que pararam no tempo em que se pensava que a cultura é assim… uma coisa para profissionais e… que… os amadores não tem a dimensão do exercício.

Nada mais bacoco por insano ao atentar contra o principio daquilo que é a criatividade artística em todos os domínios: A sua voluntariedade. O seu amadorismo. Porque a arte… é um domínio nunca acabado na justa medida em que sendo acabado, jamais seria alvo de criatividade.

Outra nota digna de registo e que faz parte da memória atual que não a de quem na edilidade superintende sobre estas coisas – as  coisas da cultura –  é de que, dificilmente  um artista vive condignamente e em exclusividade do exercício criativo da sua arte. A que acresce esclarecimento adicional: a arte é um estado de alma não é um botão aonde se liga ou desliga a capacidade criativa do que quer que seja, por quem quer que seja!

A pretensa arte de linha de montagem que o Pelouro pretende pode ser o que muito bem entenderem desde que excluam do conceito de arte a criatividade. E, por da arte terem esse entendimento, condenam prematuramente a arte e a cidade. Porque uma cidade sem arte não é nem nunca será uma cidade com vida. Uma cidade para as pessoas.

Será sempre uma cidade envelhecida porque parou no tempo limitando-se a mostrar a sua expressão artística em domínios exclusivos da memória sem capacidade para construir memória futura. E, a memória, enquanto “armazém” realça todo o legado transitado mas, para se manter viva, necessita de criar em permanência e isso é coisa que o atual poder executivo não proporciona. Porque não sabe ou porque não é capaz.

Por opção do autor, este artigo respeita o AO90

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