O cinzeiro da política surge na sequência de um erro de construção automática de palavras processado pela aplicação associada à forma de escrita utilizada. No caso, um “bloco de notas” de um telemóvel. A palavra original no ideário era “cinzentos”, mas deu azo à sua alteração para “cinzeiros” aquando da introdução do “cin…”
E, assim: os “cinzentos” da política se transformaram em “cinzeiros”, da política.
Perante esta palavra, “cinzeiros”, e pelo desafio e pertinência que sugere, associada a uma das mais gritantes evidências sociais, que é o de se ser depósito de algo que deu prazer a terceiro que enquanto inspira e expira relaxando exala no fumo que espalha o cheiro da hipocrisia que não respeita e, se estica no gesto mecanizado de sacudir a cinza para dentro do, cinzeiro.
Os cinzeiros da política, quiçá um tema a dissecar aqui e agora, somos todos nós. Os sobre quem todo o lixo da estratégia política local cai, e que, pagamos para que assim aconteça. Mais, elegemos aqueles que nos tratam como cinzeiros. Um artefacto onde se deposita o lixo sobrante de um vicio e, se esmaga a pirisca que sobra nas soluções politicas de cozinhados muito mal temperados para que o cidadão consiga entender como se desbaratam milhões de euros em obras de que não usufruem por serem entregues a exploração de privados com a sopinha feita e paga pelo contribuinte.
O cidadão comum é assim uma espécie sujeita à condição de ser cinzeiro sem qualquer hipótese de escapar tal é o controlo a que está submisso: poder; educação; comunicação social; justiça; outros.
O poder retrógrado impõe regras de conduta de acordo com o seu estádio cultural e por essa via consegue, em pouco tempo, destruir um conjunto de valores civilizacionais operando um retrocesso de dimensão não quantificável generalizado sem que o cidadão, o cinzeiro, o possa, ou consiga, evitar.
As sociedades tem a montante o cordão umbilical e a jusante a continuidade desse mesmo cordão umbilical.
Um cordão cuja matriz se perde no tempo e que se foi fortalecendo com a evolução das sociedades construindo civilizações assentes em regras comummente aceites.
No atual estádio, a democracia, nas suas diversas vertentes de organização social assumem a forma de pilar central corresponsável pela preservação do História e da sua continuidade.
o que não quer dizer que em algumas circunstâncias não possam acontecer desvios somente porque de uma eleição resultou um eleito aparentemente respeitável, mas intelectualmente formatado e politicamente preparado para ser um cacique.
As raízes do caciquismo impregnam a sociedade local porque esta ainda não se libertou da matriz cultural apensa ao cordão umbilical por uma educação corporativa de obediência subordinada dos cidadãos e de mando caciqueiro do poder.
O cacique local movimenta-se hoje muito mais há vontade do que nos tempos da ditadura porque o faz legitimado pela democracia.
Uma democracia que não é fácil de implementar no citado cordão umbilical por ser uma nova forma de cultura que exige educação condicente geradora de formação adequada.
Acontece que o setor, educação, por ser nevrálgico na estruturação das sociedades, está seguro por mãos que não se abrem para a modernização dos tempos nem aceitam essa realidade incontornável como solução para a organização futura onde o equilíbrio social exige maior justiça e equidade distributiva para fazer face a uma sociedade em que os seus núcleos de comunidades surgem com níveis de preparação e conhecimento equivalente e por isso exigem igualdade no trato e também, nas condições de vida.
Talvez por isso o assalto à escola publica seja uma prioridade no burgo.
É obvio que na ótica do cacique o controlo político da escola é um meio para atingir um fim. A sua continuidade no exercício do poder, mas também e, sobretudo, a melhor forma de manipular a sociedade para que o siga e siga os seus princípios doutrinários onde o modelo de organização é de importância crucial para a aceitação das diretrizes políticas engendradas e socialmente aceites por imposição educativa.
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90
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