“Um golpe de Estado, hoje em dia, faz-se, sobretudo, pela televisão e os aparelhos do Estado que aparecem não são de carácter militar, mesmo se o ‘militar’ se possa manter como a ‘ultima ratio’. Estes são os novos aspectos da coisa. O resto é o clássico. Dependendo das circunstâncias, a vitória estará assegurado se estiverem, realmente, reunidas as condições necessárias e suficientes.
“O ‘golpe’ deixou de ser um mero assunto militar. Para que haja aceitação da opinião pública internacional, não pode haver interferência directa militar. Enquanto a potenciação do poder dos media permite mobilizar ‘a rua’ e prescindir do impacto da força militar. É claro que isto exige mais tempo e uma execução em slow motion.”
O que há largas semanas se passa no Brasil (coincidência ou mais do que isso…) corresponde perfeitamente ao cenário acima referido, que há tempos me foi descrito por um estudioso da matéria. As opiniões públicas ocidentais, desde o início dos anos 90, não concedem margem aos seus governos para compactuarem com golpes de Estado militares e reconhecerem os governos saídos desses golpes. Face a estas limitações emanadas das opiniões públicas ocidentais, é preciso inovar, encontrar novas vias, técnicas e formas.
Montado todo o cenário, a execução – neste caso do Brasil – é entregue a magistrados. O carácter fechado e corporativo, não submetido a escrutínio democrático, dá ao ‘judiciário’ condições e possibilidades de se erguer contra o ‘político’, explorando interstícios e contradições da ‘letra’ da lei, mesmo se à margem ou em choque com a essência do Estado de Direito.
Lula e seu estado-maior se não sabiam tudo isto, já o sabem, agora. Lula, o “guerreiro do povo brasileiro”, dá sinais de estar com ganas para uma luta de vida ou de morte, uma luta que irá até onde o adversário quiser. Se a “máquina” do PT (depois dos anos tecnocráticos de Dilma…) está pronta para acompanhar o líder é a grande questão ainda sem resposta. E dessa resposta dependerá se o golpe de estado em slow motion” é ou não derrotado, se o “guerreiro” ganha…
PS: Dentro de algum tempo, será indispensável fazer a análise deste caso de estudo com a grelha de leitura da ‘inteligência económica’ e, sobretudo, dos seus conceitos de conflito informacional, guerra de informação, guerra económica e outros…
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