José Eduardo Cardozo demitiu-se do cargo de ministro da Justiça do Brasil, perante a instabilidade no Partido dos Trabalhadores (PT) causada pelo falhanço do, até agora, responsável em controlar uma onda de casos de corrupção que atingiu figuras de topo no partido, incluindo o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.
A Reuters citou um comunicado do gabinete da presidente brasileira, Dilma Rousseff, que anunciou que o novo titular da pasta é Wellington César Lima e Silva, que era procurador no estado da Baía ligado ao PT. A agência cita os jornais brasileiros Folha de São Paulo e Estado de São Paulo para revelar que a pressão sofrida pelo agora ex-ministro, que ocupara o cargo em 2011, aumentou depois de Lula da Silva ter anunciado que as autoridades planeavam investigar os seus registos bancários, telefónicos e financeiros.
José Eduardo Cardozo vai agora ocupar o cargo de Procurador-Geral, que até agora era da responsabilidade de Luís Inácio Adams, tendo por responsabilidade defender o governo de Rousseff que está a enfrentar cada vez mais contestação devido a suspeitas sobre a origem do financiamento da sua campanha eleitoral em 2014, quando foi reconduzida ao cargo da presidência do país.
À Folha de São Paulo, José Eduardo Cardozo diz ter deixado o cargo “por desgaste pessoal e político”, admitiu que sectores do Partido dos Trabalhadores lhe pediram para agir de forma diferente diante da Polícia Federal e negou quaisquer pressões do ex-presidente Lula da Silva para abandonar a pasta da Justiça.
“Era a hora certa da substituição”, declarou o entrevistado. Quanto às acusações de “não controlar a Polícia Federal”, o agora ex-ministro diz que “o Brasil está pouco ambientado com a dimensão de uma actuação institucional republicana”. “As pessoas sempre acham que, por força da PF estar vinculada ao Ministério da Justiça, tudo é uma acção política, quando não é”. Sobre Dilma Rousseff, esclarece que “nunca, em momento algum, me dirigiu qualquer orientação para que tentasse obstar, criar dificuldades ou embaraços em qualquer investigação”, assegurou.
Quanto à Operação Lava Jato, uma das maiores até agora da História do país no que respeita à investigação de corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-ministro acredita que não vai haver mudanças porque “há um forte compromisso do governo com o respeito ao Estado Democrático de Direito”, assegurou.
O novo titular da pasta, Wellington César, poderá ter “maior habilidade para conduzir o processo” do que o próprio José Eduardo Cardozo.