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Quarta-feira, Dezembro 25, 2024

Brasil: relator da Lava Jato critica juiz Moro

Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal do BrasilTeori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal do Brasil, determinou numa decisão provisória esta terça-feira que o magistrado Sérgio Moro envie à Corte as gravações áudio do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, interceptados no âmbito da Operação e de processos que envolvem o líder político do PT, em trâmite actualmente em Curitiba, estado do Paraná.

O jornal brasileiro Estadão afirma que, até existir uma decisão definitiva, o material ficará sob sigilo no gabinete do relator. Esta decisão adia a investigação visando Lula da Silva feita por Moro, e qualquer decisão sobre as investigações visando o ex-presidente brasileiro terá de ser tomada pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro.

Teori não anulou a liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, que suspendeu a nomeação de Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil da presidente Dilma Rousseff. Assim, a situação de Lula está num impasse. A Corte só tenciona tomar uma decisão numa sessão plenária, apesar de existirem 24 acções apresentadas sobre o assunto, e esse imbróglio deverá permanecer em aberto por mais duas semanas; até lá, Lula não pode exercer o cargo para o qual foi nomeado.

Assim que receber o material de Curitiba, o relator vai encaminhar as escutas telefónicas à Procuradoria-Geral da República do Brasil. Cabe a Rodrigo Janot, Procurador-Geral, solicitar a abertura de uma investigação caso entenda que existem indícios da prática de crime pela presidente Rousseff ou outras autoridades alvo das escutas.

O despacho de Teori contém críticas à divulgação das escutas feita pelo magistrado de primeira instância, Sérgio Moro. “A esta altura, há que reconhecer, são irreversíveis os efeitos práticos decorrentes da indevida divulgação”, escreve o relator, citado pelo jornal. “Ainda assim, cabe deferir o pedido no sentido de suster imediatamente os efeitos futuros que ainda possam dela decorrer e, com isso, evitar ou minimizar os potencialmente nefastos efeitos jurídicos da divulgação”, diz o ministro. A menção de Dilma Rousseff nessas escutas foi decisiva para que o ministro tomasse a decisão.

Teori criticou ainda a justificação de Moro de que existe “interesse público” na divulgação das escutas telefónicas entre Dilma e Lula, classificando-a de “descabida”. “Como se essas autoridades, ou os seus interlocutores, estivessem plenamente desprotegidas na sua intimidade e privacidade”, sublinhou.

O relator da Lava Jato no STF diz que Moro era “reconhecidamente incompetente” para decidir qual o excerto das investigações a ser entregue à Corte. O próprio Tribunal é que deve fazer a divisão do que deve ser investigado em Brasília e do que pode ser apurado em Curitiba, como prova a jurisprudência da instituição.

Outras situações semelhantes aconteceram no início da Operação Lava Jato, quando surgiram as primeiras menções a nomes de parlamentares como desdobramento da prisão preventiva do ex-director da Petrobrás, Paulo Roberto Costa. A decisão foi uma resposta a um pedido do governo brasileiro, que acusou Moro de ter cometido uma ilegalidade e posto em causa a soberania nacional.

No prazo de dez dias, o magistrado Sérgio Moro terá de dar informações ao STF. De seguida, a PGR do Brasil terá de se manifestar sobre a decisão de Teori Zavascki. Só nessa altura, possivelmente após a definição sobre a posse de Lula da Silva na Casa Civil, os ministros vão decidir quem é o magistrado competente para investigar o dirigente do PT e as autoridades que surgem nas escutas.

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