Nos arredores do aeroporto de Cabul, amontoados, estavam parte de um vasto conjunto de pessoas que por motivos diversos tentam fugir de um País onde o terror alastra ao ritmo de uma pandemia e que, por entre o som das explosões de duas bombas, se sobrepuseram todos os gritos lacerantes de dor, projetando sobre a consciência dos vivos o peso dos mortos para memória futura da História de um povo mártir que tem no silêncio recolhido o traço da sua identidade.
O pânico é sempre o resultado e nunca a causa.
Conhecedores desse fenómeno, os terroristas internacionais, agem em articulação cartelizada de forma a gerar o caos e assim manipularem as convicções através da informação em seu proveito atirando com a culpa dos atos sobre terceiros recolhendo os resultados transitórios mas demasiado eficazes para as suas intenções num mundo que querem conturbado e, em permanente desassossego.
É que, para a afirmação do poder, tem havido demasiado tempo de paz. Daí que estejam permanentemente a atiçar focos de insegurança militar estratégica até conseguirem o seu objetivo primeiro:
- a escravatura de uns servindo a opulência de outros.
Embora o terrorismo, tenha, nos tempos atuais, outras faces para além da mera ação bélica. Desde o terrorismo da manipulação da moral até ao terrorismo manipulador do consumo dos produtos transformados onde a cadeia de terror e de perseguição é dantesca, tudo lhe é permitido pelas lideranças enfeudadas.
Hoje em dia, o terrorismo, articula todas as variáveis da vida onde a chantagem, seja ela qual for, funciona como meio de pressão coerciva sobre o coletivo social independentemente do seu estádio civilizacional.
As causas resultantes, não raramente, são; o medo, a ansiedade e outros atrofios.
Ora, o estado de inquietação em que vivem as populações no Afeganistão, mas também em outros locais do mundo há já vários anos, e que as tem levado a apoiar extremistas em resultado do nacionalismo exacerbado emergente como resposta defensiva a invasores militares cujas intenções sempre estiveram ocultas por detrás de um manto de interesses obscuros, propícia condições de garante desses interesses dando corpo à necessidade de terem nos Governos gente submissa e comprometida com os seus valores.
Esta condição tem custos associados insuperáveis para uma qualquer potência económica e, ou, militar.
Custos superiormente agravados pelo descalabro global provocado pelo Covid 19 mas também, e, sobretudo, pela instabilidade social que a teimosia em manter um modelo político, económico, e de organização social de cariz capitalista neo liberal nuns casos e liberal em outros casos, em face do rotundo falhanço da social democracia mas também do socialismo democrático, assim como dos modelos ditatoriais, e que, por extrema necessidade de sobrevivência do Homem, os contornos que a limitam começam a ficar demasiado ténues obrigando à partilha global de recursos naturais que minguam todos os dias.
É este o enquadramento do contexto político, económico, e social, em que as potências militares ajuízam não ser mais possível continuarem a desviar recursos financeiros das suas economias para apoiar interesses alheios obrigando-as a privar as suas populações da qualidade de vida a que tem direito e, como consequência, verem instalar-se nos seus Países a instabilidade social e o descontrolo generalizado das condições ambientais necessárias.
Desta forma e, em consonância, estabelecem perímetros de atuação distinta em áreas do poder emergente com suporte tecnológico, controlando assim os novos meios de extração, transformação, armazenamento, distribuição e de controlo, que são tudo menos virtuais, restringindo até ao absurdo a quantidade de intervenientes com poder efetivo para ditar quem vive e quem morre.
Em Cabul vivem-se momentos difíceis que se repercutem por todas as civilizações, atualmente num estádio de completa apatia, perante as efetivas ameaças resultantes do seu atual modelo de organização sociopolítica que urge pensar e reformular para que seja capaz de encontrar soluções de curto prazo para garantir o médio e o longo prazo das sociedades civilizadas.
Não é fácil. Mas, é possível!
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90