Não sei se foi amor, mas à primeira vista foi uma atracção fatal. Tão fatal que a morte parecia uma porta para a realização.Depois de algumas cervejas pegou a mão dela e arrasto-a suavemente para o canto do salão… falavam línguas diferentes, mas o amor não precisa tradução, ele falava às vezes gritando para confrontar o alto volume da música, entre gargalhadas e olhares sedutores as palavras eram traduzidas pela sintonia das intenções, ela queria ser compreendida… gesticulava desesperada e falava bem pertinho do ouvido.
Não podiam perder tempo, não tinham tempo a perder, a vida não é para ser desperdiçada com regras nem dietas, mas… a cerveja não ajuda, apaga o meu fogo – disse ela. Ela tropical e ele tropicalíssimo, ambos sedentos de abraços.
A saudade o sufocava e nos braços dela, viu-se desembarcar na sua ilha mãe, enquanto tocava a pele café, fechou os olhos, encheu os pulmões de ar e disparou uma baforada de alivio, como se degustasse um embriagante charuto cubano.
Ele um ateu e ela uma crente devota, como não acreditar na existência de um ser superior (Deus), se as cooperações o tinham trazido para ela. A conjugação perfeita da felicidade, seu corpo exalava pureza e empatia. Tudo que ela sempre buscou em um abraço.
A algum tempo ela tinha os braços vazios, e seu coração mendigava emoção, já não acreditava no amor, tinha medo deste sentimento, fechou em copas e revestiu-se de teorias e detectores de decepções.
Sim, já sabia a amor, mas assim tão de repente… Amor? Este sentimento invasor que chega quando menos esperamos, e enquanto questionamos, perdemos a deixa e de repente tudo se escoa…
Naquela noite dançaram abraçados descompassadamente pelo salão, claro não falavam a mesma língua, quanto mais a mesma dança…
Aconchegou-se um pouquinho mais, entrelaçou seus braços fortes em sua cintura fina e no ouvido dela perguntou…
– Me quieres ?
Ela:
– Sim se me queres também te quero… ainda que tenhamos pouco tempo que seja intenso enquanto durar…
Dissolveram suas vontades, fazendo um quente e delicioso café com leite.
A autora escreve em PT Angola