A frase sobre “pensar diferente a sério” é de algum entrevistado da Band News, presente a um evento de cultura, tecnologia e inovação. Entre os expositores — majoritariamente empresas que criam games e aplicativos – a opinião geral é de que o país vai muito bem, obrigado. Aliás, não é só opinião, é fato, estamos em terceiro lugar no mercado mundial de games.
Outro ótimo segmento que entrará em alta, segundo a mesma Band News, é o de seguros, já que a maioria de automóveis está sem apólice. Talvez falte dinheiro para pagar as elevadas prestações de um serviço que, em relação a outros mais úteis e urgentes, é pouco demandado.
Finalmente, claro, o segmento de empreendedores é outro que teve destaque no noticiário da Band News, recomendadíssimo. Ou seja, se você tiver uma boa ideia e algum resto de dinheiro guardado, invista. Isso vai movimentar a economia. Gerar empregos. Isso vai ajudar Michel Temer a “reconstruir a combalida economia”. Para dar uma força aos interessados em empreender, Temer já criou o PPI- Programa de Parceria de Investimento, uma secretaria ligada ao presidente que será dirigida por Moreira Franco.
E, aqui, vem segunda pergunta de Mafalda: “Tirar Ministério e criar secretaria é mais barato no orçamento do governo?
Temer encarnou o “salvador da pátria”, o reconstrutor da “pior economia que o Brasil já teve em toda sua história”, dizem seus ministros, como Eliseu Padilha: “Qualquer governo, aliás, diria mais, qualquer ideologia que estivesse no poder teria que tomar medidas drásticas”
Pergunta 3 de Mafalda: “Se as medidas a serem tomadas eram, afinal, as mesmas (piores) do que as que Dilma estava propondo porque estavam sendo criticadas e vetadas pelos opositores?”
Pergunta 4 de Mafalda: “Com a saída de Dilma, saiu uma ideologia do poder? Então parece mesmo golpe, não é? Não vi a ideologia sair, perdi essa.”
Como telespectador é ingênuo, aposto que engoliu até mesmo a frase do Henrique Meirelles quando contabilizou a seu favor: “o PT está no governo há 14 anos e levou o país ao desastre, não conseguiu recuperar a economia, espero que não atrapalhe”.
É preciso corrigir a informação: o PT governou 13 anos; no último ano, desde a eleição em 2014, não conseguiu governar; a oposição se amotinou e paralisou o país. Só o que funcionou foi a Lava Jato.
E cadê a Lava Jato? Lavou está limpo? O Aécio Neves está limpinho ao lado da equipe de sucessores.
Pergunta 5 de Mafalda: “qual é a diferença, afinal, entre o governo atual e o anterior?”
Respondo: a diferença é a injeção de ânimo que a imprensa está dando nos espectadores. Antes, a imprensa só mostrava a “crise”, sem perspectivas, cenário de desolação, plantou o pessimismo bem plantado entre os brasileiros que seguem religiosamente a imprensa.
Outro atual ministro, não sei qual, explica essa campanha do otimismo faça você mesmo: “A coisa é psicológica, tem que começar, bons resultados geram boas expectativas, melhoram o PIB.”
Pergunta 6 de Mafalda: “A coisa é psicológica? Coisa, significa, crise?”
Com Dilma, a “coisa” não era chamada de psicológica (nem é, o atual governo está tentando manipular a opinião pública), a presidente foi excomungada pela sociedade, vítima de uma campanha de difamação (não houve crime de responsabilidade) e não teve, como Temer terá, uma “rainha” para ajudá-la. Sim, o plano é que Eduardo Cunha (aquele que nunca saiu e parece que não sairá do poder) atue discretamente ao lado do seu sucessor na Câmara, como uma espécie de rainha.
Rainha “Cunha” é demais…
A estreia dura de Temer com dois pés no peito de qualquer defensor ou participante do ex-governo e com a determinação de tomar todas as medidas amargas necessários à recuperação da economia, foi péssima e pode resultar na eleição de Lula em 2018.
Até lá, temos que garantir a democracia e a liberdade; a denúncia pública de arbitrariedade como prisões, espancamentos, desaparecimento, porque esse governo de men in black, calvas e cãs brancas, diplomado em atraso político e incriminado na Lava Jato, está ansioso para calar a boca dos manifestantes.
Exceto manifestantes como os do Leblon, que, neste domingo, foram à ciclovia Tim Maia reclamar da queda, ainda não explicada, de trecho da obra. Esses podem aparecer na televisão e colaboram com a imagem de “Brasil democrático onde todos são ouvidos”.
Nota: A autora escreve em português do Brasil